Risco à saúde pública
A ONG Princípios, que atua no litoral paulista, pretende fazer uma reclamação junto a Corte Internacional dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) contra a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por considerar nocivo à saúde pública os serviços prestados pela empresa, que efetua o tratamento e distribuição de água e esgotos na região. A Organização, situada no município de Guarujá atingida por um surto de diarréia, move Ação Civil Pública contra a Sabesp desde 2007 e ingressou nesta semana com uma medida cautelar, solicitando que o judiciário determine medidas drásticas contra a empresa, sob risco de colapso no sistema de saúde pública da cidade.
É inegável que a água servida no Guarujá está comprometida. Qualquer mãe ou dona de casa percebe a olho nu a má qualidade do produto que sai das torneiras, afirmou o advogado Sidnei Aranha, representante da Organização. Na última quinta-feira, ele visitou Bertioga, onde foi analisar os laudos que constataram que a água servida no município, segundo relatório da própria Sabesp, estava imprópria para consumo humano, contaminada por coliformes termotolerantes. Na verdade, a situação da água fornecida no litoral é muito mais grave do que se imagina, relata. Já procurei o Ministério Público Estadual sobre o assunto, que se limitou a abrir inquérito civil público, que nunca deu em nada. Nem a imprensa divulga nada, já que a Sabesp é grande anunciante dos veículos. Por isso, pretendo acionar órgão internacional, diz ele.
Aranha faz uma grave denúncia: as águas servidas no litoral estão contaminadas por trialometanos, uma reação do cloro com materiais orgânicos da água, que dão origem a cloretos, substâncias altamente cancerígena. Isso ocorre em todas as cidades onde não existe estágio de filtração e excesso de cloração da água, como acontece no Guarujá, Baixada Santista e em várias cidades paulistas. A omissão chega às raias da crueldade, denuncia o advogado. Ele diz ainda que os laudos efetuados com periodicidade trimestral pela Sabesp, são encaminhados para a Vigilância Sanitária, cujos técnicos os engavetam, sem saberem interpretá-los. Se a imprensa tiver acesso aos laudos que são realizados pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, para onde são enviadas as amostras suspeitas, certamente constatarão as minhas denúncias.
Nota Sabesp
Já a Sabesp divulgou nota nesta semana alegando que não há qualquer problema com a qualidade da água entregue pela Sabesp no Guarujá. A água fornecida à população é potável e atende aos padrões estabelecidos pela portaria 518, do Ministério da Saúde.
fonte: Brasília Confidencial – 16/1/2010