Falta de professores
A Secretaria da Educação decidiu abandonar o reforço dado a alunos com dificuldades de aprender o conteúdo das aulas na rede paulista.
Esse reforço, que acontecia fora do período regular, foi introduzido nas escolas do Estado há 14 anos pelo governador Mário Covas.
Em nota, a Secretaria da Educação alegou que as atividades de reforço extraclasse consistem apenas em duas ou três aulas semanais, ministradas por professores da rede estadual. Disse também que, como a presença dos alunos é facultativa, a frequência é muito baixa.
Alguns especialistas afirmam que as mudanças propostas esbarram no problema da falta de docentes em número suficiente para atender às necessidades de toda a rede estadual de ensino fundamental.
A carência é tão grande que, para não deixar classes sem professores, em 2012 a Secretaria da Educação foi obrigada a contratar como temporários professores reprovados nos concursos para o magistério público.
Agora, o governo Geraldo Alckmin quer atender esses alunos com dificuldade colocando mais um professor na sala para acompanhá-los nas aulas regulares, ou seja, no mesmo momento em que as matérias são ensinadas.
Mas o plano de colocar dois professores em sala de aula para acabar com as aulas extras de reforço será aplicado apenas em salas grandes. Isso quer dizer que, se o aluno estiver numa sala menor e tiver dificuldades, ficará sem nenhum apoio extra.
O segundo professor atuará em turmas com 25 alunos ou mais nos primeiros anos do ensino fundamental; 30 nos anos finais; e 40 no ensino médio. O governo diz que, nas demais, o reforço deverá ser feito pelos docentes titulares durante aulas regulares.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, cerca de 95% das escolas estaduais com ensino médio em São Paulo terão ao menos uma de suas turmas sem a presença do segundo professor.
Tabulação realizada pelo jornal Folha de S. Paulo com base em dados oficiais do Censo Escolar 2010 (último estudo detalhado divulgado) aponta que cerca de 3.600 dos 3.800 colégios do Estado com ensino médio possuíam ao menos uma classe abaixo do limite (40 alunos), naquele ano.
No ensino fundamental, a estimativa aponta que em 55% das escolas ao menos uma turma ficará sem o assistente, considerando os cinco primeiros anos da etapa -em que terão o benefício turmas com 25 alunos ou mais.
Com informações dos jornais Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo