Tragédia anunciada
Mais uma manobra orçamentária do governo estadual reduziu as verbas destinadas ao combate às enchentes. A ação para serviços e obras complementares da Bacia do Alto Tietê, principal recurso para desassoreamento do rio e seus afluentes, está com uma verba 25% menor do que no ano passado. São R$ 47 milhões a menos.
Já a limpeza de córregos perdeu, em 2010, aproximadamente 65% das verbas, em comparação ao orçamento de 2009. Uma análise do Orçamento revela que, através do decreto 55.419, de 10 de fevereiro de 2010, o governo repôs parte das verbas do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo, o DAEE. Estes recursos foram retirados de repasses previstos para a Dersa, o que pode atingir investimentos no Rodoanel, na Nova Marginal e no asfaltamento de ruas próximas às Marginais Pinheiros e Tietê.
Corte gradual
Entre os anos de 2007 e 2009, o Governo Serra deixou de investir R$ 105 milhões nas obras das calhas do Rio Tietê e R$ 17 milhões na construção de piscinões. Estes valores estavam previstos no Orçamento do período, mas não foram aplicados. Só em 2009, as obras nas calhas do Rio Tietê perderam R$ 105 milhões dos recursos; enquanto nos piscinões, o corte foi de R$ 5,8 milhões.
Segundo reportagem publicada nesta quinta-feira (04/03), no Jornal O Estado de São Paulo, há um conjunto de obras que ajudariam a diminuir o sofrimento da população com enchentes e inundações. Segundo técnicos na área de hidráulica, é preciso a construção de piscinões nas cabeceiras dos afluentes do Rio Tietê, o que ajudaria a dar vazão ao rio. O plano estadual de macrodrenagem previa, há 11 anos, a construção de 134 piscinões em todo a Região Metropolitana de São Paulo, mas até hoje apenas 45 saíram do papel..
A ocupação ilegal das margens de afluentes do Tietê, que leva ao assoreamento, obrigaria a remoção de pelo menos 3 milhões de metros cúbicos de areia, terra e detritos por ano. Mas o serviço de drenagem do principal rio que corta a capital prevê a remoção de apenas 400 mil m³ anualmente, explica a reportagem.