Ameaça de epidemia de dengue e Alckmin exclui ação “controle de endemias”

05/09/2011 15:14:00

Descaso

 

A circulação de novo vírus, detectada em abril deste ano, elevou os riscos de epidemia e de gravidade da dengue, deixando São Paulo no cenário mais desfavorável para a doença desde o seu reaparecimento, na década 1980. Pela primeira vez, o Estado irá iniciar a temporada crítica, em outubro, com os quatro vírus existentes circulando todos ao mesmo tempo.

Em contrapartida a esse risco eminente de uma epidemia de dengue no Estado, o governador Geraldo Alckmin excluiu do PPA 2012-2015 (Plano Plurianual), a ação “Controle de Endemias” (combate a dengue e outras doenças), na secretaria de Saúde.

Vunerabilidade da população

Três meses após o primeiro registro, na região de São José do Rio Preto, o tipo 4 já respondia por 1,9% dos 76,8 mil casos da doença no ano.

A sua chegada complica o cenário porque quase a totalidade da população está vulnerável ao vírus. Contaminada, uma pessoa se torna imune só ao tipo que contraiu. Ou seja, quem pegou o tipo 1, não volta a ser contaminada por ele, mas pode adoecer por conta dos outros tipos e, pior, pode ter a forma mais grave da doença, a sua versão hemorrágica.

44% tem risco alto ou muito alto

Mapa das áreas de vulnerabilidade da doença feita pelo governo paulista mostra que 44% dos municípios têm risco alto ou muito alto.

“A nossa situação se aproxima da do sudeste asiático. Os adultos vão tendo as dengues e passam a ficar imunes, mas as crianças são vulneráveis”, diz Pedro Tauil, consultor de dengue da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Para o infectologista Ivo Castelo Branco Coelho, consultor em dengue da OMS (Organização Mundial de Saúde), combater o mosquito é um trabalho bastante difícil e a solução, a curto prazo, é estruturar a rede para o diagnóstico precoce da dengue.

Números mostram que controle da doença patina em SP

Até que surja uma vacina capaz de oferecer proteção simultânea contra todos os quatro sorotipos do vírus, só o que se pode fazer é tentar controlar os focos de infestação do vetor da moléstia -mosquitos do gênero Aedes – e tratar os doentes.

É no último quesito que o Estado de São vem se saindo mal. Na esmagadora maioria dos casos, a moléstia é autolimitada (seus sintomas acabam desaparecendo sozinhos), mas, numa fração deles (algo em torno de 0,2%), evolui para quadros graves, que demandam cuidados intensivos e podem ser fatais.

No Estado de São Paulo, a letalidade registrada em 2010 foi de 4,79%. Já a de 2011 (considerados os casos graves investigados até o final de junho) pulou para em incríveis 9,15%.

Seja como for, é inescapável o diagnóstico de que é preciso reforçar com urgência sistemas de vigilância epidemiológica. A alta letalidade da dengue mostra que os serviços médicos não estão prontos para reconhecer e tratar rapidamente viroses graves.

*com informações da Folha de S. Paulo

 

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