Assassinatos de mais de 500 civis completam três anos sem apuração

13/05/2009 18:49:00

Ataques do PCC

 

 

Os ataques do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital em São Paulo completam três anos, com a marca da impunidade e omissão: 63% dos casos de assassinatos da população civil por policiais foram arquivados. Um levantamento do Cremesp, Conselho Regional de Medicina de São Paulo, aponta quase 500 mortes entre 12 e 21 de maio de 2006. Já segundo a Organização de Direitos Humanos Conectas, 564 pessoas foram assassinadas por disparos de armas de fogo durante o período no estado. Entre estes mortos, 59 eram policiais e 505 civis, assassinados nos dias seguintes ao ataque da facção criminosa, em supostas vinganças contra o PCC.

Estes levantamentos extras foram essenciais para avaliar a dimensão da onda de violência que alastrou-se pelo estado em maio de 2006, já que a Secretaria de Segurança Pública divulgava menos que a metade do número real de vítimas.

A própria Ouvidoria da Polícia de São Paulo juntou indícios de ação de grupos de extermínio com participação policial em pelo menos 54 casos com ‘características de execução sumária’ e outros 48, supostamente de ‘resistência seguida de morte’.

O Ministério Público Federal, a Defensoria Pública e entidades de Direitos Humanos compararam os boletins de ocorrência daquele período com os laudos médicos e depararam-se com relatos que indicam que foram tantos cadáveres que não houve  ‘tempo’ para registro de boletins de ocorrência de todos os casos.

Denúncia internacional

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) recebeu ofício de ONGs do setor para que o governo seja julgado por negligência e impunidade na apuração das chacinas de maio de 2006 e para que o caso passe a ser investigado pela Justiça Federal. .

Segundo especialistas em segurança pública, o silêncio sobre o caso não esconde a ameaça de explosão de uma nova onda de violência dentro dos precários e superlotados presídios paulistas, dominados por facções.

As mais recentes estatísticas sobre criminalidade em São Paulo, relativas ao primeiro trimestre de 2009, são um alerta da ameaça de uma nova onda de violência sobre o Estado. Entre 14 tipos de crime, 10 cresceram nos últimos meses.

A impunidade e a ’maquiagem’ de ocorrências policiais já haviam produzido outro escândalo poucos anos antes. Laudos do Instituto de Criminalística de São Paulo e depoimentos de testemunhas, divulgados nos últimos dias, indicam que os 12 assaltantes mortos por policiais militares na Operação Castelinho, realizada em março de 2002, não participaram de tiroteio, mas foram executados. Conforme os exames da perícia, não havia nenhuma gota de sangue em 14 das 16 armas que a PM disse ter encontrado com os mortos que, juntos, levaram 61 tiros.

PT cobra explicações

Empenhada não apenas em denunciar a má gestão da Segurança Pública e Administração Penitenciária no estado, mas também em evitar a ação de grupos de extermínios e a escalada da criminalidade, a Bancada do PT encaminhou recentemente ao governo requerimentos de informações. O deputado Rui Falcão, líder da Bancada do PT na Assembleia, enviou às Secretarias da Casa Civil e da Segurança Pública requerimentos de informações referentes à construção de novos presídios em São Paulo e à esquema de corrupção na Polícia Civil.

Já o deputado Vanderlei Siraque, integrante da Comissão de Segurança Pública, encaminhou pedidos de informações aos secretários Antonio Ferreira Pinto (Segurança) e Lourival Gomes (Administração Penitenciária) cobrando explicações sobre os assassinatos de policiais, que normalmente ocorrem fora do horário de serviço, já que a maioria da categoria dedica-se a trabalhos extras como segurança, para complementar o reduzido salário do serviço público.

Veja no UOL a reportagem Guerra entre PCC e Estado pode se repetir, diz especialista em segurança

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/05/12/ult5772u3930.jhtm

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