Assessor de Capez admite ter feito parte do esquema da Máfia da Merenda

13/09/2016

Máfia da Merenda

Crédito: Kátia Passos

Ao centro Jéter, ex-assessor de Capez. Ambos são suspeitos em participar da Máfia da Merenda

Sucessão de mentiras e tentativa de livrar envolvimento de autoridades políticas dão o tom da 9ª reunião da CPI da Merenda

Após pequena pausa feita ao término do depoimento do promotor de Brodowsky, Leonardo Romanelli, que iniciou as oitivas da 9ª reunião da CPI da Merenda nesta terça-feira, 13/09, a sessão continuou a tarde de forma mais conturbada. Marcel Ferreira Julio, que seria o segundo convocado, conseguiu habeas corpus e não compareceu a oitiva de hoje.

O terceiro depoente, Aluisio Girardi Cardoso, funcionário da COAF (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) disse em seu depoimento ter sido subcontratado pelo primo Emerson Girardi. Afirma que recebia 2% de comissão de contratos firmados com Santos e Americana, cidades que foram mencionadas na operação Alba Branca. Aluisio admitiu ter recebido dois pagamentos que somaram R$37 mil e alegou que não tinha mais informações sobre esquema justamente por ser subcontratado.

Quando o último depoente chegou, Jéter Rodrigues, ex-assessor do deputado Fernando Capez do PSDB, presidente da Assembleia Legislativa apontado pela Alba Branca como intermediário no repasse de propina para o deputado, a partir de então houve acirramento de ânimos e uma onda de incredibilidade recaiu sobre o depoente diante das contradições, respostas evasivas e negações de Jéter.

Em um momento Jéter falava nunca ter empresa alguma em seu nome, no outro admitiu ter a alimentícia “Nova Mirante”. Ainda foi descoberto, em levantamento feito pela equipe da Liderança do PT, uma empresa que ele mantém no bairro onde mora. Embora esteja inscrita na Junta Comercial do Estado de São Paulo, Jéter negou participação na empresa e foi contestado pela deputada Marcia Lia, que apresentou o documento aos demais integrantes da CPI. O depoente afirmou ter contato com o lobista Marcel Ferreira Filho, peça-chave e suposto cabeça do esquema da Máfia da Merenda, mas depois minimizou o contato. E assim por diante, em desfaçatez que visivelmente indignou os presentes.

“Uma hora ele fala uma coisa, outra hora fala outra. Jéter está bem orientado para livrar a barra do presidente e de outras pessoas. É uma pena ele prestar esse serviço. Diz que não assinou recibo depois diz que assinou. Alega que foi coagido pelo Merivaldo, assessor do presidente, para dar os R$50 mil e não ser punido por ter feito e rubricado em nome do deputado Capez, ofício que atenderia interesse de um delegado. O depoente se esquivou das insistentes indagações sobre a identidade do delegado e sobre o benefício. Então você vê que é um absurdo o que aconteceu aqui hoje no depoimento do senhor Jéter, que mentiu e descaradamente”, protestou Alencar Santana Braga, que integra a comissão.

Ao fim da reunião, em entrevista à imprensa, o deputado também destacou a legalidade na maneira como o processo de investigação da Operação Alba Branca tem sido conduzido, fato evidenciado pelo depoimento do promotor Leonardo Romanelli e ressaltou também a fala em que Romanelli que afirmou que a propina e os favorecimentos têm fundo político, sem isso a fraude não teria se concretizado.

A Bancada do PT questionou o não comparecimento de Marcel Ferreira Júlio nesta fase da CPI da Merenda, uma vez que é apontado pela Operação Alba Branca como um dos principais atores para consolidação da fraude nas merendas por meio de ações via Secretaria da Educação. Os deputados petistas contestaram a tentativa da base governista de impor à CPI da Merenda livrar a responsabilidade das autoridades políticas envolvidas na Máfia da Merenda.

Marina Moura e Rosário Méndez

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