Beth Sahão realiza Audiência Pública contra a Cultura do Estupro. Confira falas e participações

05/10/2017

VIDA DA MULHER

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“Todxs contra a cultura do estupro” foi o tema que embalou as discussões sobre violência contra a mulher. A agenda foi realizada na Alesp, contou com participação de entidades diversas e promete desdobramentos.

Olhos arregalados e inconformação tomou de assalto o rosto das pessoas que estavam no local. “Dez mulheres sofrem estupros coletivos por dia no Brasil”. Quem consegue digerir este dado sem querer modificá-lo, reagir a ele, pensando nas mulheres violentadas pelo estupro, “a expressão extrema violência contra a mulher”, como define Maria Fernanda, da Marcha Mundial das Mulheres, uma das presentes no evento?

A audiência pública “Todxs contra a cultura do estupro” foi realizada ontem da Alesp, por iniciativa da deputada Beth Sahão, para se pensar em como combater e quebrar a violência contra a mulher.

Além da deputada Beth Sahão, que é vice-presidente da Comissão de Direitos da Pessoa Humana na Alesp e já encabeça a luta pelos direitos da mulher em pautas diversas, também colaboraram com dados e explanações Juneia Batista, secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT; Flávio Urra, psicólogo e sociólogo; Cristina Pechtoll, coordenadora do GT Gênero do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e Rachel Moreno, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e Elizabete Franco Cruz, da Rede “Quem cala, consente”, da USP.

Como desdobramentos do debate, o grupo propôs que fossem marcadas reuniões com o presidente do Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (TJ-SP) e o procurador geral do Estado, a fim de sensibilizá-los e alertá-los sobre a importância do tema e do combate à cultura do estupro.

A MÁ CONTRIBUIÇÃO DA MÍDIA PARA REFORÇO DA CULTURA DO ESTUPRO

Rachel Moreno, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, falou de como a mídia precisa ser regulada a fim de que não perpetue, replique ou até induza situações de violência da mulher, mostrando-as de maneira desfavorável.

Os dados apontam que 52% da população brasileira é composta por mulheres e que estas têm 80% das decisões de consumo.

Infelizmente, a tendência da mídia é retratar a mulher de formas que a expõem e diminuem, a partir de contextos de humor, banalização e espetacularização.

Mulheres que sentem-se desrespeitadas com a imagem proposta pela mídia podem recorrer à órgãos como o Conselho nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR). No entanto, a inclinação do órgão, segundo Rachel, é favorecer o lado do mercado publicitário, em prejuízo às mulheres.

Em consequência às formas errôneas de veiculação da imagem da mulher, há a repercussão da cultura do estupro.

REABILITAÇÃO DOS HOMENS QUE COMETERAM VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

Flávio Urra, psicólogo e sociólogo, falou de sua experiência frente a programas socioeducativos para responsabilização de homens que praticaram violência contra mulher. Entre eles, o “E agora, José?”, programa para desconstruir cultura do estupro por homens.

As reuniões do grupo fazem parte de um pacote que os homens devem seguir em busca da reabilitação. Flávio comenta que percebe mudança no discurso dos homens após reuniões e reafirma que não acredita na prisão para reabilitação.

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