Eletropaulo não investe
Eletropaulo lucrou R$ 1,3 bilhão em 2010 e, ainda, diz que para investir tem que elevar tarifa
Blecautes mais frequentes, com a perspectiva de que mais gente fique cada vez mais tempo sem energia elétrica. Essa é a perspectiva para quem mora na cidade de São Paulo em 2012. A AES Eletropaulo responsável por 98% da fiação aérea da capital e a prefeitura descumprem a Lei 14.023/05, que determina que toda a rede de cabeamento aérea deve ser transferida para redes subterrâneas.
A lei determina que devem ser enterrados até 250 quilômetros da rede por ano. E as metas estabelecidas pela empresa são ridículas: cumpriu 1,3% do necessário em 2011, e pretende enterrar somente 1,8% em 2012. O estarrecedor é que a própria Eletropaulo informa que, se os cabos fossem subterrâneos em São Paulo, 70% dos apagões poderiam ser evitados causados por queda de galhos (52%), pipas e balões (9%), acidentes de carros (8%) e raios (1%).
A rede elétrica paulistana supera 36 mil quilômetros, de acordo com a Prefeitura, mas somente 1,8 mil quilômetros da rede são subterrâneos cerca de 5% do total e outros 34,2 mil quilômetros são transmitidos nos postes.
Deputados do PT cobram solução
Em reunião da Comissão de Fiscalização e Controle, no último dia 23/11, o presidente da AES Eletropaulo, Britaldo Pedrosa Soares, afirmou chuvas fortes podem ocasionar novo apagão. A Eletropaulo também informa que não faz porque é caro e teria que elevar a tarifa.
No entanto, os deputados do PT, presentes na reunião Antonio Mentor, Alencar Santana, Marcos Martins, Isac Reis e José Zico Prado, lembraram que os lucros da empresa saltaram de R$ 376 milhões no ano de 2006 para R$ 1,3 bilhão em 2010 e que não há justificativa da Eletropaulo para que os investimentos não sejam feitos.
Os petistas também cobraram uma maior fiscalização por parte da Arsesp. Em convênio, que data de 1998, a Aneel delega à Arsesp a responsabilidade de fiscalizar.
Alckmin privatizou Eletropaulo
A Eletropaulo, que já pertenceu ao governo paulista, foi privatizada entre 1998 e 1999, quando Alckmin era coordenador das privatizações do governo Mario Covas (PSDB). Foi Alckmin quem conduziu a venda da Eletropaulo e permitiu que a americana AES, grande produtora de energia mas com pouca experiência em distribuição (só atuava como distribuidora em um único lugar), assumisse o controle da estatal paulista.
Talvez, por este motivo, o governador Geraldo Alckmin seja tão condescendente com a empresa. Em junho último, ele afirmou que a Eletropaulo, concessionária que fornece energia a 6,1 milhões de clientes em 24 cidades do Estado, não tem “condições mínimas” de atendimento em situações climáticas adversas.
Em ano anterior, o ex-governador José Serra também a dizer publicamente que não cobraria investimentos das empresas privatizadas.
Problema gravíssimo
Enquanto isso, os blecautes continuam. Na Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), as reclamações saltaram de 519 (janeiro a novembro de 2010) para 889 no mesmo período de 2011.
O Procon-SP organizou um mutirão exclusivo para atender reclamações sobre apagões e, entre 24 de fevereiro e 18 de novembro, recebeu 1.456 denúncias.
*com informações do Jornal da Tarde e PT Alesp