Saúde mental
Os CAPS Centros de Atenção Psicossocial – surgiram em 2002 para substituir as internações em grandes hospitais psiquiátricos. Hoje, no Estado de São Paulo, eles registram falta de profissionais e acompanhamento inadequado de pacientes, como ausência de planos individuais de tratamento e de controle sobre efeitos dos medicamentos utilizados. A conclusão é de avaliação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) sobre uma amostra de cerca de um terço dos Caps do Estado.
Apesar da péssima gestão na saúde mental em seu governo, José Serra afirmou ontem que, se eleito presidente, financiará por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) o tratamento de dependentes químicos. Vale registrar a situação dos CAPS no Estado segundo a pesquisa do Cremesp:
- 42% dos CAPS não contavam com retaguarda para internação psiquiátrica;
- 31,3% não tinham retaguarda para emergências psiquiátrica;
- 66,7% não disponibilizam atendimento médico clínico na unidade; dentre os 33,3% que realizam este tipo de atendimento, 25% o fazem de maneira sistemática e 8,3% apenas ocasionalmente;
- 25,3% não tinham retaguarda para emergências médicas clínicas;
- 69,4% dos centros avaliados relataram falta de profissionais. Em 50 deles não existiam médicos clínicos. Em dez centros voltados para o tratamento de alcoolismo e outras drogas e em nove CAPS infantil havia um único psiquiatra disponível;
- 16,7% não tinham responsável médico; mesmo entre os que tinham responsável médico, 66,2% dos serviços não possuíam registro no Cremesp o que é obrigatório;
- 30% dos CAPS III ( de maior complexidade) não acataram a legislação no que se refere à atenção contínua durante 24 horas diariamente, incluindo feriados e finais de semana;
- 20% dos prontuários médicos apresentaram pelo menos uma falha, como letra ilegível, falta de projeto terapêutico individualizado para o paciente, falta de controle laboratorial para os psicotrópicos utilizados e ausência de formalização de concordância, por parte do paciente ou responsável, com o tratamento utilizado;
- 27,4% dos CAPS não mantinham articulação com recursos comunitários para a reintegração profissional dos pacientes; 29,8% não mostraram integração com outros serviços da comunidade;
- 45,2% dos centros avaliados não realizavam capacitação das equipes de profissionais de saúde de atenção básica e 64,3% não faziam supervisão técnica para os membros dessas equipes.
Crack
Em cinco anos, o número de usuários de crack quase dobrou no Brasil: de 380 mil para 600 mil. O problema mobilizou o governo federal, que trabalha para dobrar o número de vagas para internação de usuários neste ano – de 2,5 mil para 5 mil – e lançou em maio um programa de R$ 410 milhões.
Outras ações e programas estão disponíveis para auxiliar no combate o uso da droga, como os Consultórios de Rua, as Casas de Acolhimento, os Centros de Atenção Psicossocial e as equipes de Saúde da Família, que fazem um trabalho articulado de promoção, prevenção e acolhimento do usuário.
O principal foco do programa é atuar de maneira integrada, unindo governos, entidades de classe e sociedade civil no combate ao uso de drogas. Saúde, educação e policiamento das fronteiras trabalharão juntos no combate às drogas. Segundo Paulina Duarte, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), o programa é estratégico porque intensifica e coordena os projetos já existentes no governo Lula, promovendo a interação dos ministérios.
Dentro da lógica de trabalhar em rede, o programa prevê ainda a reinserção social dos dependentes químicos. Uma medida será a construção de 73 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) até o final do ano. Os centros auxiliam o usuário a deixar o vício e voltarem ao convívio social. E está prevista ainda a destinação de R$ 13 milhões para a construção de Casas de Passagem, abrigos para usuários de drogas.