Com 21 municípios representados, seminário debateu comunicação pública

17/05/2010 16:27:00

Debate

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Para discutir as alternativas para o fortalecimento da política de comunicação nas prefeituras e Legislativos, vinte e um municípios estiveram representados no Seminário de Comunicação  “Diretrizes e estratégias de uma política pública de comunicação”, organizado pelo Diretório do PT Estadual e pela Liderança do PT, no último sábado (15/5), na Assembleia Legislativa de São Paulo.

O deputado Rui Falcão fez uma saudação aos participantes e enfatizou que a política de comunicação do PT deve deixar claro as diferenças entre os projetos de governo do PT e dos demais partidos. “Um é o nosso projeto, de continuar mudando com avanço; o outro, é o projeto do passado”.

Ainda na mesa de abertura, o secretário de Comunicação do Diretório Estadual, Aparecido Silva, destacou a importância da comunicação, seja no Executivo ou no Legislativo, como um direito do cidadão. José Melo, secretário de Comunicação da Prefeitura de Maúa, explicou que o seminário dá continuidade a 1ª Confecom realizada em 2009, e que pretende estabelecer diretrizes para a construção de uma comunicação que garanta a participação popular e a democratização das informações.

Também convidado da mesa de abertura, o coordenador da campanha na internet da pré-candidata petista Dilma Rousseff, Marcelo Branco, defendeu a ideia de que o conteúdo inserido nas ferramentas da internet é necessário para o “combate off line”, o debate frente a frente com os cidadãos. “É preciso estar municiado de argumentos e propostas políticas”, afirmou.

Sistema de Comunicação Público

A primeira mesa de debate teve como convidados Justino Pereira, secretário de Governo da Prefeitura de Guarulhos; Leandro Wexell Severo, secretário de Comunicação da Prefeitura de São Carlos; e Laurindo Leal Filho, professor universitário, que discutiram o Sistema de Comunicação Público.

O mediador da mesa, Enio Taniguti – assessor especial de gabinete da Prefeitura de Diadema, apontou como um dos objetivos da mesa o debate da gestão de comunicação.  “Como nós profissionais de comunicação das prefeituras estamos fazendo esta gestão e quais caminhos podemos apontar para sua melhor eficácia”, explicou Taniguti.

Para Justino Pereira, o grande desafio da gestão pública na área de comunicação das prefeitura está na necessidade de se mudar as estruturas desta área e ao mesmo tempo a urgência de se comunicar o que o governo está fazendo. Ele enumerou as dificuldades encontradas, como o fato da mídia brasileira não ter uma vocação pública e o alcance limitado das mídias próprias dos governos locais. Segundo Justino, “a nossa saída está na internet como uma ação de comunicação estruturante. É a possibilidade de uma mídia para interagir entre governante e população” e citou como referência o site do presidente Obama (EUA), utilizado como ferramenta de mobilização e ação política governamental.

Leandro Wexell Severo iniciou sua participação na mesa com um apelo para que seja regulamentado o Conselho Nacional de Comunicação. “Precisamos ter um rede pública forte. Do ponto de vista da comunicação é uma estupidez, deixar a sociedade brasileira na mão de algumas poucas famílias que controlam os meios de comunicação”, destacou Severo.

O secretário de São Carlos explicou, também, que para dar à população o direito à informação, os profissionais de comunicação das prefeituras têm que fortalecer o que está ao seu alcance, no momento, como os meios próprios.

“A mídia brasileira esconde a sua partidarização.” Com esta frase, o professor Laurindo Leal Filho definiu como os cidadãos estão reféns de manobras e manipulação de informações. Ele enfatizou que os grandes formadores de opinião no país ainda são a TV e o rádio, mas que também não podemos desprezar os jornais, porque falam para as classes alta e média. “Além disso, as rádios que, por exemplo, no horário nobre da manhã na Capital, falam para mais de três milhões de ouvintes, perpassam o conteúdo publicado pelos jornais”, afirmou Laurindo.

O professor destacou também que o Brasil não tem uma cultura de radiodifusão pública, que seria uma alternativa ao padrão comercial. “É importante discutir o modelo de radiodifusão pública e efetivá-lo no país, porque a TV fala para todos ao mesmo tempo”, disse.

Ao final desta primeira mesa, a sambista Leci Brandão fez uma saudação aos participantes do seminário e ao estudo que estavam dispostos a fazer durante aquele dia. “A mídia é extremamente tendenciosa e todo esforço para descobrir maneiras de mostrar a verdade para a população deve ser prestigiada”, falou Leci.

Os municípios que estiveram representados no seminário foram: São Paulo, Itaquaquecetuba, Osasco, São Carlos, Guarulhos, Diadema, Suzano, Barueri, Várzea Paulista, Bofete, Mauá, Araras, São Bernardo do Campo, Indaiatuba, Santo André, Ca mpinas, Assis, Araras, Jandira, Amparo e Campo Limpo Paulista.

Participação popular e internet também foram focos do debate

O direito à informação foi defendido pelos palestrantes da mesa “Participação Popular e Comunicação”. A deputada federal Luiza Erundina lembrou que esse é um tema que já está na agenda da sociedade, mas nem sempre está na agenda do poder.

Erundina também elogiou a 1 Confecom que, segundo ela, acumulou forças políticas em torno de um debate urgente. “Agora, precisamos de um protagonismo forte e competente da sociedade civil organizada para dar continuidade a esse processo. Foram 672 propostas e temos que elencar quais são as mais fundamentais. O Plano Nacional de Banda Larga do governo federal, por exemplo, é uma prioridade”.

A deputada já aprovou no Congresso a realização de uma audiência pública para discutir os resultados da Confecom. É dela também a iniciativa de criação de uma frente parlamentar de democratização das comunicações.“É importante que os municípios participem desse processo. Iniciativas em âmbito local têm repercussão em outras esferas e dão respaldo a uma minoria que luta por essa causa”, afirmou a deputada.

Para Beto Almeida, presidente da TV Cidade Livre, o governo Lula trouxe avanços na área. Segundo ele, a recuperação da Telebras vai assegurar a participação popular por meio do acesso à Banda Larga.

Mas o jornalista também lembrou que uma grande parte da população sequer entrou na “era de Gutemberg”. Ele aposta na criação de um jornal de massas no Brasil e citou experiências de jornais públicos na América Latina. “Na Bolívia, o governo era diariamente atacado pela imprensa que chamava o presidente Evo Morales de narcopresidente”. O governo, então, lançou um jornal estatal, Cambio, que, segundo Almeida, em setes meses já vendia mais do que outro que existe há mais de 70 anos. Além disso, custa cinco vezes menos do que seus concorrentes. “Essa iniciativa fez com que, inclusive, houvesse uma melhora nos índices de leitura de jornais na Bolívia”.

João Brant, do coletivo Intervozes, acredita que o caminho seja “elevar cada sujeito a sujeito da comunicação”, e que os governos municipais têm um papel fundamental nesse processo. “A Comunicação deve ser pensada como participação popular, ligada a outras políticas de inclusão”. Para ele, a Comunicação é um instrumento de democratização da gestão pública. “Precisamos viabilizar que o cidadão se aproprie desse instrumento, que tem uma lógica bidirecional”, completou Brant.

Erundina também falou sobre sua experiência à frente da Prefeitura de São Paulo, quando não se pensava em investir em Comunicação porque havia outras tantas prioridades. “Não tínhamos um canal com a população. Hoje, 20 anos depois, entendo que a Comunicação é um direito”, afirmou

Revolução informacional

“A internet está provocando uma mudança de comportamento”. Assim o professor Sergio Amadeu iniciou a discussão “Os Governos do PT e a Mídia”, na última mesa do seminário. “Existe uma revolução informacional em curso. Superamos a revolução industrial. A capacidade da humanidade em processar informação nunca existiu nessa proporção”.

Para ele, lazer e trabalho estão juntos no mundo informacional. “Aí entram as redes sociais. 67% dos internautas estão nessas redes, o que significa 40 milhões de pessoas”, acrescentou.

Amadeu citou pesquisa que mostra que 74% dos jovens de 16 a 24 anos estão conectados à rede. “Nesse segmento, a internet é uma mídia de massa”, afirmou.

Marcelo Branco, coordenador da campanha da pré-candidata Dilma Rousseff na web, falou que essa nova forma de relacionamento trouxe um “empoderamento do indivíduo”. “Hoje, qualquer cidadão pode cobrir um evento. Queremos uma campanha descentralizada. Queremos que uma notícia postada no twitter ou num blog paute a imprensa”, declarou.

Ele citou o exemplo do lançamento do blog da Dilma. “Postamos o lançamento 40 minutos antes. A notícia foi se espalhando pela rede e, assim, pautamos a imprensa, que não pôde atacar antes e vir com um texto pronto”.

Branco ainda explicou que hoje cidadãos comuns e grandes veículos de Comunicação possuem a mesma matriz de mídia. “Temos os mesmos recursos da Rede Globo para subir um vídeo ou publicar um texto. Temos que aproveitar esse momento”.

 

 

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