Corrupção tucana
Primeira leva de documentos após renovação de pedido de cooperação deve chegar nesta semana ao país europeu, que pede celeridade em outros casos
O Ministério Público Federal deve encaminhar nesta segunda-feira (4/11) para a Suíça a primeira leva de documentos após o país europeu repetir, na semana passada, um pedido de ajuda na investigação do caso Alstom, empresa suspeita de integrar um esquema de cartel e pagamento de propinas para a obtenção de contratos metroferroviários no governo paulista. Os brasileiros também vão pedir detalhes dos dados já apurados pelos colegas suíços.
Os procuradores suíços haviam congelado as investigações por falta de colaboração das autoridades brasileiras. Um dos pedidos de colaboração, enviado em 2011, ficou parado aqui por quase três anos. O procurador então responsável pelo caso, Rodrigo de Grandis, alegou ter arquivado o pedido numa pasta errada, motivo pelo qual ele não teria sido atendido a tempo.
A retomada das investigações dos suíços, com o novo pedido de colaboração, deve dar impulso ao caso. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se comprometeu a fornecer ajuda prontamente, o que motivou o envio da primeira leva de documentos agora. A meta é apurar contratos das empresas suspeitas de integrar o cartel entre 1999 e 2009, nas gestões dos governadores tucanos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.
O caso Alstom, além de ser alvo dos suíços, também é investigado no Brasil desde 2008. As relações da empresa com os governos tucanos já renderam o indiciamento de 11 pessoas, entre elas o vereador Andrea Matarazzo, que foi secretário de Energia de São Paulo – ele nega o envolvimento em pagamentos de propina pela multinacional.
Reforço
As suspeitas sobre a ação de um cartel no governo paulista foram reforçadas em maio deste ano, quando outra multinacional que atua no setor metroferroviário fechou um acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do governo federal que regula a concorrência no Brasil. Ex-diretores da empresa admitiram a existência de acertos para a obtenção dos contratos com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e com o Metrô.
Os investigadores suíços, porém, já identificaram pagamentos ao ex-chefe de manutenção da CPTM João Roberto Zaniboni. Os procuradores suspeitam de que a Alstom tenha pago US$ 836 mil em propinas numa conta em Zurique a fim de obter um contrato com a estatal paulista.
A investigação revela que o executivo, que atuou nos governo dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin, assinou aditamentos a contratos com a multinacional que somaram R$ 11,4 milhões. Junto com os documentos solicitados pelo país europeu, o Ministério Público Federal brasileiro pediu mais detalhes sobre o que há nas mãos dos investigadores suíços.
fonte: jornal O Estado de S. Paulo