Direitos Humanos
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Adriano Diogo, discutiu nesta quarta-feira (17/4) mais uma denúncia de trabalho escravo.
O auditor fiscal do Ministério de Trabalho Renato Bignami trouxe vasta documentação sobre investigação que envolve a empresa GEP, detentora das marcas Cori, Emme e Luigi Bertolli.
Segundo Bignami, a denúncia veio da secretaria nacional de Direitos Humanos. Uma boliviana grávida estaria sofrendo maus tratos em privação de liberdade numa oficina de costura na zona norte de São Paulo.
A partir dessa denúncia, verificou-se que essa oficina já havia trabalhado para fornecedora da GEP e iniciou-se uma investigação para rastrear o trabalho de intermediárias do grupo.
Na oficina, foram encontradas condições precárias, como comida para cachorro armazenada juntamente com comida para consumo dos trabalhadores, instalações elétricas irregulares, botijões de gás dentro do ambiente etc.
Foram encontrados documentos em que o oficinista fazia uma chamada em rádio boliviana para aliciar esses trabalhadores. Outras anotações mostravam o desconto que o oficinista fazia com relação ao preço da passagem e do visto que havia pago para os bolivianos.
Bignami foi categórico ao afirmar que o grupo GEP tem total controle sobre todo o ciclo de produção, desde a escolha do tecido até o controle de qualidade.
Após essa investigação, as oficinas foram interditadas e o grupo GEP responsabilizado pela recisão contratual desses trabalhadores, além de firmar um Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público do Trabalho.
Nelson Volpato, representante da GEP, durante a reunião da Comissão se limitou a dizer que não sabia de nada. A afirmação foi duramente contestada pelos deputados.
A deputada Beth Sahão disse que o grupo tem uma responsabilidade solidária em relação à conduta de seus fornecedores e duvidou que o sócio diretor da empresa não soubesse que as peças de roupa fossem fruto de trabalho escrava. É um cinismo muito grande, protestou a deputada.
Adriano Diogo também lamentou o fato de Volpato ter sido evasivo, não respondendo claramente às perguntas formuladas.
Também participou da reunião o deputado Marco Aurélio.