Comunidade denuncia crime ambiental na USP Leste

25/09/2013

Audiência pública

Nenhum representante do governo do Estado, da reitoria ou da direção da universidade compareceu à audiência pública que aconteceu nesta quarta-feira (25/9) para discutir a contaminação do solo da USP Leste.

A iniciativa desta audiência informal foi dos deputados Adriano Diogo, João Paulo Rillo, Carlos Neder,José Zico Prado e Telma de Souza. Inicialmente, o deputado João Paulo Rillo tentou que a audiência fosse realizada pela Comissão de Educação, a qual preside, mas a base governista impediu, pedindo vistas do requerimento.

“ Apesar de não ser uma audiência oficial, faremos encaminhamentos políticos importantes. E hoje já conseguimos a aprovação de uma audiência pública com o mesmo tema em conjunto entre Comissão de Educação e de Meio Ambiente”, anunciou Rillo ao iniciar os trabalhos.

A uma plateia lotada por estudantes, professores e funcionários, a professora Adriana Pedrosa fez um depoimento emocionado e pediu o afastamento imediato do diretor e do vice-diretor da USP Leste para apuração do caso.

Segundo a professora, no dia seis de setembro, placas alertando sobre a contaminação foram instalada em uma área da universidade onde se pratica esportes e crianças brincam. “Cobramos, então, informações que nunca vieram. Dissemos basta e iniciamos uma greve histórica. Não temos conhecimento de greve em universidade por motivo semelhante”, explicou Adriana.

A representante dos alunos, Julia Mafra, também destacou esse movimento que uniu todas as categorias da USP Leste. “Nossa insatisfação com a atual direção é anterior a esse fato”, declarou Julia.

Ernandes Pereira, funcionário da USP Leste, falou sobre os desmandos dessa direção e, sobre a contaminação, acrescentou: “Estou aqui porque essa é uma questão que interessa a todos. É uma vergonha aquela terra ter sido colocada naquele local de forma irregular. A direção permitiu”.

O deputado Adriano Diogo explicou o problema da contaminação e a irregularidade do ato. “Pela lei de 2009, esse aterro não poderia ter sido feito, seja do que for, mesmo que fosse uma transposição de água mineral”, disse o deputado, que ainda acrescentou: “A USP Leste representa uma resistência, uma nova face da universidade, que não é da elite. E há um projeto para acabar com isso. A USP Leste e conquista do movimento popular e não pode acabar.”

Já o deputado Carlos Neder disse que ficou “mal impressionado” ao ler os documentos do Ministério Público Estadual referentes ao caso, com manifestações da Cetesb e de órgaos que deveriam estar zelando pela saúde da comunidade. “O que mais obsevamos é a palavra aguarde-se”, alertou o deputado, que ainda acrescentou que há denúncias de pagamento de propinas a agentes públicos para que o material pudesse ser depositado nessa área.

Risco ambiental

A USP Leste iniciou suas atividades há oito anos em uma área cujo solo poluído exigia licença ambiental para funcionamento. Com uma licença provisória concedida a partir da assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta a unidade entrou em funcionamento se comprometendo a fazer as intervenções, entre elas extrair os gases do solo.

Sem cumprir as exigências, chegou a ser autuada e multada pela Cetesb antes de obter, em novembro do ano passado, licença de funcionamento que, segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo, teria sido concedida após pressão do secretário adjunto do Meio ambiente, Rubens Rizek.

Diariamente, circulam pelo prédio da USP Leste mais de 4 mil pessoas, entre alunos, professores e funcionários. A área ambientalmente instável recebeu terras retiradas do fundo do rio Tietê e, de acordo com análises da Cetesb, há presença de gás metano. Em episódio semelhante, no shopping Center Norte, em 2011, o risco de explosões por gás metano levou ao fechamento do centro comercial.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *