Investigação
Na seqüência dos trabalhos, a CPI da Bancoop ouviu, nesta terça-feira (8/6), o diretor comercial da empresa Caso Sistema de Segurança, Freud Godoy, que presta serviços na área de segurança patrimonial para a Bancoop.
O depoente informou, aos deputados integrantes da CPI, que soube que a Bancoop trocaria de prestador de serviços na área de segurança e apresentou uma proposta de trabalho que foi negociada com a cooperativa e tem contrato firmado de 28 de fevereiro de 2005 até hoje. Freud descreveu o trabalho da empresa Caso na vigilância e segurança nos canteiros de obras e nos almoxarifados da cooperativa.
O depoente informou que a empresa é de propriedade de sua esposa e cunhado, mas como é casado como comunhão de bens participa da administração do negócio. A empresa foi instituída legalmente em 2003 e explicou que trabalhou de 2003 a 2006, no Gabinete da Presidência e, por isso, não faz parte da composição societária da empresa.
Sua atuação no governo federal se restringiu em fazer a segurança pessoal da primeira dama. Trabalhou também no serviço público de 2000 a 2002, quando prestou serviços na prefeitura de São Paulo. Primeiro na CMTC, como chefe e serviços de transportes e segurança e na Prodam como inspetor de segurança, sempre como pessoa física.
Freud trouxe à CPI um bloco de documentos composto por cópias de notas fiscais, impostos recolhidos, relatórios, guias da previdência social, pagamentos de Fundos de Garantia e ações trabalhistas e narrou os processos e procedimentos requisitados pela Polícia Federal para obter autorização de funcionamento da empresa de segurança.
Indagado se tinha imóvel da Bancoop, Freud disse que sua esposa é cooperada desde 1996, adquiriu um imóvel, recebeu a chave do apartamento após aproximadamente três anos e pagou um residual no valor de R$ 30 mil, em 2008.
Ainda em seu depoimento, afirmou que ele e a empresa tinham sido alvo de investigações do Ministério Público Federal, que rastreou a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário, por conta das denúncias de envolvimento com negociação de dossiês e CPIs, e nada foi encontrado que confirmasse qualquer suspeita ou acusação.
Sobre matérias da Revista Veja de que teria recebido depósito de R$ 150 mil em sua conta, mencionada por deputados da base governista, Freud explicou que já respondeu ao Ministério Público Federal, que ele e sua esposa tinham umas economias e adquiriram um terreno de uma pessoa que estava com compromisso no exterior e tinha pressa em vender o bem. Pagaram em 48 parcelas e, ao final da quitação, concluíram que não tinham como construir no padrão do condomínio, então venderam o terreno no valor de R$ 140 mil. Esses recursos foram aplicados na empresa, tenho tudo documentado, arrematou.
Notas fiscais frias
O segundo depoimento da CPI foi de Valter Amaro da Silva, que afirmou que, por quatro vezes, entre os anos de 2000 e 2002, emitiu notas fiscais frias de sua empresa à Bancoop, no valor de R$ 5 mil cada, e repassou o valor integral para Hélio Malheiro, irmão do ex-presidente da cooperativa Luiz Malheiro.
Segundo Valter, o valor era pago pela Bancoop, em cheque da Caixa Econômica Federal do empreendimento da Móoca, descontado no caixa pelo próprio Valter que depositava o dinheiro na conta-poupança de Hélio Malheiro, também na Caixa Econômica Federal. Os pedidos para emissão das notas fiscais partiram do engenheiro Ricardo Luiz do Carmo, que também fazia parte da direção da Bancoop.
Valter é pintor de paredes e tinha uma empresa neste mesmo ramo que prestou serviços para a Bancoop até maio de 2006, quando João Vaccari assumiu e mandou embora o Ricardo e outras pessoas. Acho que ele queria limpar as coisas, ressaltou Valter.
Diante das afirmações de Valter, o líder da Bancada do PT, Antonio Mentor, constatou que Hélio Malheiro mentiu em seu depoimento na semana passada (1/6), quando declarou que não tinha conta pessoal em banco, somente conta da sua empresa. Mentor considerou sua versão como obra de ficção, assim como o depoimento de Andy Roberto, também na última semana, quando afirmou que estava sendo seguido por um carro na Rodovia Dom Pedro e para escapar fez uma manobra passando pelo canteiro central e mudando de sentido. Conheço a Rodovia, não tem como atravessar, há um fosso, explicou Mentor.
Requerimentos
No final da reunião, o deputado Vanderlei Siraque apresentou ofício solicitando que seja anexada aos autos da CPI, planilha mencionada em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo (2/6/2010) que afirma que Hélio Malheiro entregou à CPI uma planilha relativa ao ano de 2002 que aponta entrada de dinheiro da Bancoop com destaque para onze operações. Na semana anterior (1/6), Siraque também solicitou que fosse juntado documento mencionado, pelo deputado Bruno Covas, em outra reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada em 19 de maio.
Com relação ao seu pedido de vistas ao requerimento para quebra de sigilo bancário dos depoentes, o deputado Siraque explicou que é muito importante a quebra dos sigilos fiscais, telefônicos e bancários e que ele está de acordo. O seu pedido de vistas é justamente para verificar se está dentro da forma correta prevista em lei. Na solicitação, o pedido de quebra de sigilo não está de forma individual, e também temos que verificar se a CPI pede direto aos órgãos competentes ou se tem que pedir à Justiça. Temos que fazer de modo certo para não perder tempo com vai e vem de papéis, explicou o deputado.
A próxima reunião da CPI acontecerá na próxima terça-feira (15/6), às 10 horas.