Investigação
Os deputados que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Bancoop ouviram o depoimento do engenheiro civil, Ricardo Luiz do Carmo, que foi o responsável técnico por 30 empreendimentos da cooperativa, no período entre 1997 e 2005. O depoimento do engenheiro era um dos três previstos para esta terça-feira (22/6). No entanto, os outros dois convocados (Lúcio Bolonha Funaro e Tomás Edson Botelho Fraga) enviaram justificativas e não compareceram.
O deputado Antonio Mentor, líder da Bancada do PT, ao falar sobre o andamento da CPI, insistiu que a comissão tem que separar duas coisas. A primeira é a investigação e a punição, na ajuda ao Ministério Público, àqueles que provocaram todos os problemas na Bancoop. E o segundo, e mais importante, é a defesa dos cooperados, na construção de uma saída para a situação em que se encontram, enfatizou Mentor.
Depoimento do engenheiro
Em seu depoimento, o engenheiro Ricardo Luiz do Carmo disse que, por meio de sua empresa, começou a trabalhar na Bancoop em 1997 como engenheiro fiscal, passando em 2000 a ser o engenheiro responsável por todos os empreendimentos da cooperativa. Ele explicou que em 2000, a Bancoop já somava um déficit de R$ 1,5 milhão, ocasionado, principalmente, pela falta de atendimento às questões técnicas, na compra de terrenos e dos métodos construtivos. Citou como exemplo, o empreendimento Portal do Jabaquara projetado para 19 andares em um local de rota de aviões, onde esta altura é proibida. Com isso, teve que ser refeito o projeto para construção de mais torres com menos andares, o que encareceu o custo da obra.
Segundo o engenheiro, havia um subfaturamento do orçamento das construções, um dos motivos das obras terem um custo final muito acima do previsto, o que ia aumentando cada vez mais o déficit.
Ainda de acordo com Ricardo, no ano de 2002, foram constituídas várias empresas (Mizzu Consultoria, Mirante Blocos, Germany Construtora, Bancon Serviços de Limpeza) pelos dirigentes da Bancoop (Luiz Malheiro, Hélio Malheiro, Alessandro Robson Bernardino, Marcelo Rinaldo e Tomás Edson Botelho Fraga), que passaram a ser as responsáveis por prestar, praticamente, todos os serviços nas obras da cooperativa. Os contratos com as outras empreiteiras prestadoras de serviços foram abruptamente cancelados.
Outro fato relatado no depoimento foi a criação de uma conta única (pool), onde se concentrava os recursos de todos os empreendimentos. Com isso, perdeu-se o controle dos gastos e do valores restantes de cada obra.
O engenheiro disse, ainda, que um ano após a entrada de João Vaccari na presidência da Bancoop foi demitido. Percebia-se que ele (Vaccari) estava tentando melhorar a cooperativa, afirmou.
Os deputados do PT, membros efetivos da CPI da Bancoop, Vanderlei Siraque e Vicente Candido, também compareceram a reunião desta terça-feira.