CPI da Eletropaulo: Empréstimo à AES foi feito em menos de 24 horas, diz ex-presidente do BNDES

27/02/2007 20:50:00

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Eletropaulo, que investiga possíveis irregularidades em empréstimo feito pelo BNDES ao grupo americano AES para a aquisição da Eletropaulo Metropolitana, ouviu nesta terça-feira, 27/2, Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES, e Roberto Timóteo da Costa, ex-diretor do banco. Para Lessa, a privatização da empresa paulista foi um erro e deixou em maus lençóis a instituição que ele presidia.

Segundo depoimento do professor e economista, a estatal – hoje conhecida como AES Eletropaulo, foi vendida em abril de 1998 à empresa Ligthgás Ltda, posteriormente denominada como AES Elpa S.A, pelo preço mínimo estipulado em US$ 1,78 bi. O BNDES emprestou metade do valor para pagamento, em nove parcelas semestrais e um ano de carência, condições que foram contestadas pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério Público Federal.

Há indícios de irregularidades na condução e concessão das operações de crédito do BNDES para a AES. O empréstimo foi feito pelo então presidente do banco público, José Pio Borges. Ele autorizou o empréstimo à AES, em 2002 e em 2003, e assumiu a função de consultor da empresa americana. Somente na gestão do Governo Lula, quando assumiu a presidência do BNDES, em 2003, Lessa e Timóteo renegociaram a dívida da empresa e recuperaram 49% das suas ações.

Para o presidente da CPI, Antonio Mentor (PT), as informações dadas por Lessa surpreederam os membros da comissão. O economista revelou que o empréstimo a empresa americana foi feito a toque de caixa – em menos de 24 horas — e demonstrou a responsabilidade do governo Lula em refazer as negociações com a empresa e não deixar o banco quebrar.

O pedido desta CPI foi protocolado em abril de 2003, pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT). No início de novembro de 2006 foi anunciada a sua abertura pelo presidente da Assembléia, que adotou o critério da ordem cronológica do protocolo para instaurar duas das 70 CPIs protocoladas na Assembléia de São Paulo.

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