Dados alarmantes sobre agrotóxicos no Brasil surgem em audiência pública de Carlos Neder e Marcos Martins

27/06/2017

VENENO

Crédito: Marina Moura

A reunião que aconteceu no auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa de SP, por toda a manhã desta terça-feira (27), foi dedicada a debater o “Uso de agrotóxicos: seus efeitos na saúde e no meio ambiente”. A audiência foi realizada pela Comissão de Saúde da Alesp, que tem os deputados petistas Carlos Neder e Marcos Martins como membros. Os deputados solicitaram a agenda a pedido da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).

Embora o uso do veneno seja considerado problema de saúde que ocorre em esfera mundial, os dados no Brasil destacam-se como preocupantes, senão como assustadores. Anualmente cada brasileiro ingere 7,2 litros de agrotóxico e menos de 1% dos proprietários de terra possuem 45% das terras agricultáveis no Brasil. As informações foram trazidas por uma das convidadas, Carla Bueno, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida.

Documento elaborado pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, mostra que com o avanço do agronegócio, cresce um modelo de produção que concentra a terra e utiliza altas quantidades de venenos para garantir a produção em escala industrial.

O grupo ainda cita do documento dados do IBGE, que aponta para aumento do consumo nacional de ingredientes ativos de agrotóxicos, que em 2001 foi de 3.1 Kg/ha, passou para 6.8 Kg/ha em 2013, o que representa um incremento de 119%.

Carla Bueno, que veio de Brasília, aproveitou para fazer um apelo para que as pessoas apoiassem o abaixo assinado #chegadeagrotoxicos, pela proibição, no Brasil, de agrotóxicos banidos em outros países (http://antigo.contraosagrotoxicos.org/index.php/materiais/abaixo-assinado-pela-proibicao-no-brasil-dos-agrotoxicos-banidos-em-outros-paises/detail).

Além das facilidades para utilizar a substância no país, como o registro acessível, barato, estados como o Ceará em que o agrotóxico é 100% liberado. Além disso, a pulverização aérea da substância também preocupa. “Quando passa um avião de veneno, ele não se pergunta se está passando por cima de um assentamento ou de uma escola”, lembrou Carla.

Na Câmara Federal, a bancada ruralista se esforça para sustentar o PL 6299/2002, que flexibiliza o marco legal existente e facilita o registro e a comercialização de agrotóxicos no país.
Luiz Claudio Meireles, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), disse que pelo volume dos agrotóxicos utilizados, pelos impactos, pela ausência de controle do Estado, a instituição “tem clareza de que é um problema de saúde pública e deve ser tratado como tal.

Marcia Sarpa, do instituto Nacional do Câncer (INCA), trouxe outros dados alarmantes sobre o uso do agrotóxico no Brasil: Desde 2008, o Brasil é o maior mercado mundial de agrotóxicos do mundo; em 2012, o Brasil utilizou 1,05 bilhões de litros de agrotóxicos em suas lavouras; em
Estiveram presentes na audiência pública os ex-deputados do PT Tito e Simão Pedro, que em sua passagem como parlamentar pela Alesp foi membro da CPI da Segurança Alimentar, ocasião em que pode discutir o uso de agrotóxicos e constatar que “O Estado está desaparelhado para fiscalizar agrotóxicos em lavouras e não participa de programas para monitoração do uso”.

Participam ainda da audiência a bióloga, jornalista e secretaria-executiva da Comissão Temática de Meio Ambiente e Agroecologia do Fórum Paulista de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, Ana Marina Martins de Lima; o secretário de Meio Ambiente da Central Única de Trabalhadores (CUT), Daniel Gaio; da direção do MST, Kelli Mafort; a coordenadora da Campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace, Marina Lacorte; entre outros especialistas.

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