Deputado petista denuncia: Polícia humilha e constrange torcedores negros

07/05/2010 17:51:00

Racismo

 

A desclassificação do Corinthians da Copa Libertadores não foi o único desgosto que o advogado Sinvaldo José Firmo enfrentou na última quarta-feira (05/05). Negros, ele e seu filho de apenas 13 anos foram vítimas de uma violenta abordagem policial, quando estavam a caminho do Estádio do Pacaembu para assistir Corinthians e Flamengo.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, deputado José Cândido, denunciou o caso ontem, durante audiência com o jurista Dalmo de Abreu Dallari, e o advogado levou a denúncia à Comissão de Direitos Humanos da seção paulista da OAB.

“Pai e filho foram considerados suspeitos só por estarem com as mãos no bolso. Muitas outras pessoas não negras passavam pelo local com as mãos no bolso e não foram abordadas. O menino de 13 anos foi revistado por policiais com armas em punho, que ridicularizaram e humilharam Sinvaldo quando ele se apresentou como advogado e funcionário da Assembleia”, disse o deputado, indignado com o racismo explícito e a abordagem desrespeitosa dos policiais.

O estudante Nathan Palmares da Silva Firmo foi abordado na Avenida Pacaembu, a caminho do estádio, por três policiais militares armados (dois com pistolas e um com armamento pesado). Segundo relato do advogado Sinvaldo, um dos policiais apontou a arma para a cabeça do garoto e ordenou que ele tirasse a mão do bolso do agasalho, antes de revistá-lo.

“Quando me identifiquei como advogado e questionei a forma da abordagem, eles voltaram-se contra mim. Debocharam, duvidaram que eu fosse advogado, perguntaram sobre a imunidade parlamentar do deputado para o qual eu trabalho na Assembleia  e me empurraram com a cabeça virada contra o muro”, conta Sinvaldo, que é assessor jurídico do presidente da comissão de Direitos Humanos da Assembleia,  José Cândido.

O comandante negou-se a informar ao advogado e seu filho os nomes dos policiais que participaram da abordagem. Todos ficaram de lado e na sombra, dificultando a identificação, mas o advogado conseguiu anotar o número do carro utilizado pelo grupo e já informou às Comissões de Direitos Humanos do Legislativo e da OAB: Tático Móvel M -16024 – Placa CWN-5424.

Além de demonstrar a falta de treinamento e o racismo dos policiais envolvidos, o constrangimento enfrentado por Sinvaldo José Firmo e seu filho de apenas 13 anos é um exemplo das estatísticas que indicam que a abordagem da PM de São Paulo está cada vez mais violenta. O número de pessoas mortas em supostos confrontos com a PM cresceu 40% nos três primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *