Deputados do PT contestam dados apresentados por secretário de Segurança

24/11/2015

Maquiados

Em reunião da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa que aconteceu nesta terça-feira (24/11), o secretário estadual da pasta, Alexandre de Moraes, descreveu, segundo os parlamentares petistas presentes, um outro Estado.

“Vivo num mundo totalmente diferente do seu. No Estado onde eu vivo, o crime organizado controla as periferias de grandes e pequenas cidades. Nunca se matou tanto, mas os números são maquiados”, afirmou o deputado Luiz Fernando, referindo-se à reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, em 9 de novembro de 2015, intitulada “Manobra da gestão Alckmin diminui homicídios em SP”.

O secretário perdeu o controle e agiu de forma desrespeitosa com o parlamentar. “Vossa excelência fala que os números são maquiados aproveitando-se da sua imunidade material parlamentar. Porque, se não tivesse, seria processado por falar tamanha besteira”, disse Moraes.

Indignado, o deputado pediu respeito ao secretário e que retirasse “as asneiras que acabou de dizer”, já que o parlamentar estava cumprindo o que versa a Constituição do Estado e o regimento interno da Assembleia Legislativa, que lhe atribuem poder fiscalizador sobre as secretarias de Estado.

“Não retiro”, respondeu o secretário.

Luiz Fernando afirmou que faria um boletim de ocorrência preventivo contra o secretário, já que passou a temê-lo.

Alexandre de Moraes justificou tamanha indignação citando outra reportagem da Folha, publicada no dia 13 de novembro de 2015, em que no título o jornal diz que cometeu um erro na reportagem citada.

O deputado João Paulo Rillo, porém, leu a reportagem, que diverge de seu título, como mostra esse trecho: “O levantamento da Folha foi refeito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, especializado em estatísticas criminais, que chegou às mesmas conclusões”.

Rillo questionou outros dados apresentados pelo secretário, como a inexistência de reclamações de tortura policial nas audiências de custódia. “Só em São Paulo, segundo o Conselho Nacional de Justiça, foram registrados 277 relatos de tortura desde fevereiro”, rebateu o parlamentar.

Alexandre de Moraes também foi questionado sobre a truculência da polícia militar nas escolas ocupadas no Estado por estudantes contrários à reorganização e ao fechamento de escolas.
Participaram ainda da reunião os deputados Marcia Lia e Marcos Martins. (FF)

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