Corrupção tucana
O pagamento de propinas e formação de cartel na Siemens são dois crimes que se tornaram tão comuns no grupo alemão na última década
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente mundial da Siemens, Peter Solmssen, falou pela primeira vez sobre a formação de cartel da qual a empresa participou em São Paulo. Ele afirma que “as pessoas que tentarem combinar preços vão saber que nós vamos chamar a polícia”.
A Siemens fez autodenúncia ao CADE, na qual diz ter combinado preços de metrô com 18 companhias. Uma série de negócios com o governo do PSDB, por meio do Metrô, são investigados sob suspeita que de houve conluio entre as empresas para elevarem o preço da concorrência.
O pagamento de propinas e formação de cartel na Siemens são dois crimes que se tornaram tão comuns no grupo alemão na última década.
Leia alguns trechos da entrevista publicada na edição desta terça-feira (20/8) do jornal Folha de S. Paulo.
Folha de S. Paulo – Em 2007, a Siemens recebeu multas que somam US$ 1,3 bilhão após um grande escândalo sobre o pagamento de propina. Por que nós temos que acreditar que o “compliance” não é só estratégia de marketing para limpar a imagem da empresa?
Solmssen – Não vejo as coisas assim. Enfrentamos o mesmo problema de integridade na década de 1950. Nós acreditamos que o negócio limpo é um bom negócio. Em 2007
Folha de S. Paulo – O acordo no Brasil cita apenas negócios na área de transporte. O sr. tem certeza a Siemens não participa de cartel nos mercados de gás, eletricidade e equipamentos médicos?
Solmssen – Não sei a resposta. Só reportamos o que sabemos. Temos um programa de “compliance” muito bom, investigamos no mundo todo e foi isso o que descobrimos. Após 2007, ficou difícil violar nosso sistema.
Folha de S. Paulo – Investigadores do caso Siemens no Brasil afirmam que não existe cartel sem pagamento de propinas a políticos e funcionários públicos. Por que a Siemens não cita propina no acordo?
Solmssen – Só reportamos às autoridades brasileiras o que temos evidências das informações.
Folha de S. Paulo – Alguns especialistas dizem que a Siemens fez a autodenúncia para se livrar de futuras acusações criminais.
Solmssen – Eu ouço sobre isso em todo o mundo. Não é verdade. Nós abrimos para as autoridades uma série de informações muito importantes nos EUA, no Reino Unido e, inclusive, no seu país.
Folha de S. Paulo – Autodenúncia não é apenas para evitar o pior?
Solmssen – Autodenúncia é muito importante para “compliance”, inclusive do ponto de vista interno. Se você encontra alguma coisa errada internamente, pode mudar o comportamento dos empregados. Não se esqueça que companhias são feitas por pessoas, e de vez em quando elas são estúpidas, cometem equívocos. Pode ser doloroso, mas temos que chegar à verdade para resolver essas coisas.
Folha de S. Paulo – Eu vi uma conferência sua em outubro, quando o sr. disse para jovens líderes que é “muito fácil” combater a corrupção: é só dizer não. Se é muito fácil, por que a Siemens fracassou no Brasil, pelo menos?
Solmssen – Talvez estejamos confundindo duas coisas . Dizer não, dito de outra forma, é fazer a coisa certa. É uma questão psicológica. A empresa tem de ajudar a oferecer ajuda e treinamento para as pessoas fazerem a coisa certa. Se alguém tentar fazer a coisa errada, nós devemos ajudá-lo. Tentamos fazer isso com todos os nossos empregados: não aceite tentações, não aceite pressões, não seja fraco, só diga não.
Folha de S. Paulo – O sr. continua achando que combater a corrupção é uma questão simples?
Solmssen – A questão simples é aprofundar o efeito
*informações do jornal Folha de S. Paulo
Leia mais
19/08/2013
Campanhas do PSDB foram alimentadas por $ desviado
19/08/2013
Promotores classificam como equivocada ação de Alckmin contra Siemens, neste momento
18/08/2013
Corrupção do PSDB no Estado: propinas recebidas podem chegar a R$ 9 bilhões
17/08/2013
Todos os homens do propinoduto tucano
16/08/2013