8a CPI da Máfia da Merenda
Na 8a. reunião da CPI da Máfia da Merenda o funcionário César Augusto Lopes Bertholino, da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), prestou depoimento aos deputados e negou participação em esquema de desvios no fornecimento de alimentos para escolas estaduais. O promotor de Justiça de Brodowski, Leonardo Leonel Romanelli, enviou um requerimento justificando sua ausência e solicitando nova data para depor, desta vez, para 14 de setembro.
Bertholino disse que trabalhava diretamente nas vendas da cooperativa, desde a sua admissão, em setembro de 2013, com registro na carteira de trabalho até janeiro deste ano, quando foi iniciada a Operação Alba Branca, que investiga fraudes na compra de alimentos para merendas de prefeituras e do governo do estado de São Paulo.
Ele disse que recebia um salário fixo de R$ 3 mil, além de comissão referente às vendas que concretizava, que variava entre 8 e 10 mil mensais. César trabalhava com as prefeituras de Mogi das Cruzes, Pitangueiras, Cotia, Ribeirão Pires, Mairinque, Mairiporã, entre outras. Segundo ele, os contratos com o varejo da Coaf eram pequenos, assim, a cooperativa dependia das licitações com o governo estadual.
Bertholino se mostrou combinado com a negou qualquer participação ou conhecimento sobre fraudes nos contratos ligados às prefeituras em que trabalhou. Porém, ele admitiu ter ouvido falar sobre possíveis atos ilícitos dentro da cooperativa. A compra não era a minha área lá dentro. Tinha indícios, mas eu não sei, porque não era eu quem comprava o suco de laranja, disse ele.
Bertholino disse que Cássio Chebabi, suspeito de chefiar a máfia da merenda, era quem comandava as transações. Cássio foi convocado pela CPI no último dia 24, mas se negou a depor por ter fechado acordo de delação premiada com o Ministério Público em janeiro deste ano, o que o impede falar. César disse que Cássio exercia a função de chefe, mas também comandava a cooperativa, sem dar voz ativa aos outros membros.
Lobistas
O funcionário relatou um repasse de valores que efetuou para a conta do lobista Marcel Ferreira Júlio, considerado um dos mentores do esquema de fraude em licitações. De acordo com Bertholino, na época em que estourou a operação, a polícia ouviu, por meio de escuta, que os dois se encontrariam em Cotia, Grande São Paulo. A polícia abordou César, em seu carro, e encontrou a quantia de R$ 120 mil.
Eu falei na hora, não escondi. Era dinheiro do contrato, que eu levaria para o Marcel. E tirei a minha parte da comissão. Retirei os 2% e estava repassando o restante do valor para o Marcel, disse. Bertholino disse que, quando soube da apreensão, Marcel ficou desesperado. Ele disse que tinha que cobrir cheques, precisava de R$ 15 ou 20 mil. Eu depositei o valor na conta da esposa dele, para cobrir esses cheques, disse César.
Com informações da EBC