Vai faltar água
Especialista apontam risco da água de SP acabar em 100 dias
Estudo do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios, Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), coordenado pelo pesquisador da Unicamp Antonio Carlos Zuffo, apresentado em 26/7, aponta que a água do volume morto, que abastece o Sistema Cantareira, pode acabar em 100 dias.
Segundo o engenheiro, os quatro reservatórios que compõem o sistema, dois (o Jaguari e o Jacareí) já estão captando o volume morto, que é lançado nos outros dois reservatórios (Cachoeira e Atibainha) para mantê-los com volume positivo. Dentro de 10 dias, no entanto, os reservatórios que ainda não recorreram diretamente à reserva só terão em sua capacidade água vinda deste recurso, ou seja, a água que em condições normais é utilizada para o abastecimento já terá se esgotado.
Para enfrentar a crise do abastecimento, o Consórcio propõe um plano de escalonamento do uso da água, visando evitar que três milhões de pessoas fiquem com as torneiras secas.
A ideia foi inspirada na experiência da região do nordeste, vivida no Estado do Ceará, onde ocorre a retenção da água em reservatórios e depois distribuída de acordo com os critérios de um conselho composto por representantes da comunidade e dos setores da administração envolvidos.
Em São Paulo, a proposta apresentada não é de represamento da água, mas de definição dos horários que cada setor poderá usá-la, ou seja, indústria, agricultura, comércio e doméstico.
Os dirigentes do Consórcio informaram que desde o ano passado emitem alertas sobre a disponibilidade de água nas Bacias do PCJ para empresas e municípios, além de informar aos órgãos gestores do Sistema Cantareira.
Dirigentes do consórcio explicam que, embora o Sistema Cantareira abasteça a Grande São Paulo, e as regiões de Campinas e Piracicaba, em caso de desabastecimento, o interior sentiria mais os reflexos porque a capital possui mais de um sistema para o abastecimento.
“Na Grande São Paulo, 30% do consumo depende do Cantareira. Aqui na região, só temos o Cantareira, e os nossos lençóis freáticos já estão baixos”, explicou.(rm)