Esportistas e amigos do esporte defendem 1% do Orçamento para o setor

09/12/2009 15:33:00

Mais verbas

 

O deputado Vicente Cândido, presidente da Comissão de Esportes e Turismo e que defende que os orçamentos de Esporte e Lazer devem corresponder, no mínimo, a 1% do orçamento geral dos Municípios e do Estado, recebeu no último dia 1º de dezembro, representantes do Movimento em Defesa do Esporte e da Educação Física.

Os esportistas e defensores do esporte que integram o Movimento foram encaminhados pelo deputado ao Colégio de Líderes, onde puderam expor suas reivindicações com relação à valorização da Educação Física e de seus profissionais e solicitação de que o Estado de São Paulo garanta em seu Orçamento, no mínimo, 1% para o Esporte e o Lazer.

Segue texto do jornalista e escritor Henrique Nicolini, defensor da necessidade de mais recursos para o esporte.

Esporte quer passar de 0,1 para 1 por cento

O esporte e a educação física estão recebendo apenas 0,1 por cento de todo o orçamento estadual, numa clara soto-posição de uma atividade que devolve em benefícios à sociedade cada real nela investido.

O êxito internacional dos esportistas do nosso país, elevando nosso prestígio entre as demais nações, é apenas uma parte do retorno do investimento e, provavelmente, não é o maior.

Uma infra-estrutura esportiva bem organizada tem o mesmo resultado de programas de grande envergadura em outras áreas, como a da saúde, da segurança pública e da própria educação e inclusão social.

Na saúde, o combate ao sedentarismo é fundamental para a higidez da população de um país. Os jornais e a mídia eletrônica, com preocupação, apontam para um aumento da obesidade em todo o mundo, inclusive no Brasil, problema que amplia sua abrangência pela inclusão das faixas mais jovens nas estatísticas oficiais.

No terreno da segurança pública, a expansão da prática do esporte irá ocupar o tempo vago dos jovens, que serão desviados dos preocupantes caminhos que a eles se apresentam na atualidade com grande intensidade, como o uso de drogas. Esta é a porta de entrada para o mundo do crime. Atividades diversificadas para as diversas modalidades esportivas, com professores e técnicos conscientes de sua missão educativa, poupariam do orçamento do Estado grande parte da despesa com policiamento e repressão. Um trabalho bem feito na área da atividade física ajudará a reduzir o espaço e a influência dos traficantes.

O esporte é uma cultura e, à medida que ele for difundido e vier a integrar a escala de valores de uma sociedade, verificar-se-á automaticamente uma inserção social de seus praticantes, aumentando-se a sua auto-estima. O esporte é um instrumento de educação insubstituível. Ele ressalta exemplos que priorizam a grande importância de uma conduta ética e do fair play. É uma fonte de amizade entre as pessoas e sua prática propicia prazer, lazer e recreação.

Lamentavelmente, o atual orçamento do Estado contempla a educação física e o esporte com menos de 0,1 por cento do total arrecadado e provoca vergonhosas situações: uma pequena cidade do Estado de São Paulo queria inscrever nos Jogos Regionais uma equipe que participaria de diferentes modalidades – desistiu, pois não tinha condições de pagar a taxa de inscrição.

É um outro absurdo a Secretaria de Esportes do Estado cobrar taxas de participação de municípios paupérrimos, quando sua missão seria exatamente o contrário: ajudá-los a competir em eventos esportivos importantes. Entende-se, porém, este posicionamento. O orçamento da Secretaria Estadual é tão pequeno que, às vezes, faz mais sentido cobrar taxa de inscrição do que suspender a realização de um certame, com mais de meio século de tradição.

No último dia 1º de dezembro, as forças mais representativas do esporte estiveram na Assembléia Legislativa para reivindicar uma mudança nesta desproporção entre os benefícios proporcionados e os recursos recebidos. O objetivo proposto é a quantia destinada ao esporte do Estado de São Paulo passar de 0,1 para um por cento, dentro do orçamento estadual.

Estiveram no plenário toda a hierarquia do Panathlon Club São Paulo (filiado do Panathlon Internacional), o presidente do Conselho Regional de Educação Física, representantes de vários clubes esportivos, secretários de esportes de um número considerável de municípios e ainda esportistas de renome, como Ricardo Prado, da natação, Ida, do voleibol, e Patrícia Medrado, do tênis.

Este contingente bastante significativo do esporte foi recebido com grande carinho pelos deputados presentes e, na tribuna, entre outros, foi veementemente saudado pelo deputado Sérgio Olimpio Gomes, que concordou plenamente com a reivindicação.

Mais tarde, na sala dos líderes das bancadas, houve uma cerimônia na qual falaram Georgios Hatzidakis, o medalhista olímpico Ricardo Prado, o presidente do Conselho Regional de Educação Física, Flávio Delmanto, e o prof. Henrique Nicolini, membro de honra do Panathlon Internacional e autor desta coluna.

O relator do orçamento recebeu também a comitiva do esporte e os primeiros resultados já começam a surgir: a Comissão de Esportes da Assembléia apresentou um projeto pelo qual as Comissões de Esportes de 100 municípios de menor desenvolvimento humano terão direito a R$ 100 mil cada uma.

No orçamento de 2010, foi inserida uma emenda, proporcionando mais 67 milhões para a Secretaria Estadual de Esportes. Também está recebendo grande receptividade o projeto do Governador do Estado, que destina recursos, no valor de 0,2 por cento do ICM do Estado para os esportes. Isto já representa dez por cento do total que está sendo reivindicado pelos esportistas, sem contar R$ 100 milhões que a Secretaria de Esportes do Estado receberá para compromissos referentes à Copa do Mundo.

Esta visita à Assembléia Legislativa no dia 1º de dezembro mostrou aos líderes do esporte que não adianta acomodar-se e esperar que o Governo ofereça recursos. A atitude aconselhável é a reivindicação veemente, como costumam fazer outras áreas de nossa sociedade.

Henrique Nicolini

 

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