Má gestão
Ao ser questionada por reportagem do Jornal da Tarde sobre levantamento de roubos a postos de combustíveis na capital, a secretaria estadual de Segurança Pública informou que não discrimina casos específicos em suas estatísticas. Isto demonstra o descaso ao qual está submetida a segurança pública no Estado de São Paulo, porque parece lógico que o estudo detalhado dos crimes cometidos podem fornecer pistas significativas à prevenção de novos delitos. Também questionada, a Polícia Militar disse que não tem levantamentos por tipo de estabelecimentos roubados.
Caso a inteligência policial fosse melhor aplicada, quadrilhas especializadas poderiam ser desmanteladas, como são os casos dos arrastões em bares e restaurantes e assaltos a postos de combustíveis e bancos.
Os tucanos estão há vinte anos a frente do governo do Estado e a segurança pública em São Paulo continua uma lástima, um caos. Isso só pode ter duas explicações: ou é incompetência ou falta de vontade política, argumentou o deputado do PT, João Antonio, na tribuna da Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (20/6).
Os gastos com a ação Inteligência Policial do Orçamento do Estado, ao menos desde 2006, têm ficado sempre abaixo do previsto. Entre 2006 e 2011, o governo paulista deixou de aplicar na área R$ 300 milhões e em 2012, do valor previsto de R$ 361 milhões, até maio apenas R$ 32 milhões foram liquidados. Os dados são do Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária do Estado (SIGEO).
Cinco postos são assaltados por dia
Cinco postos de combustíveis são assaltados por dia na capital paulista. O dado faz parte de um levantamento feito pelo consultor de segurança José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública, no ano passado, com base em boletins de ocorrências registrados nas delegacias da cidade em 2010.
Segundo o balanço, ocorreram 1.812 roubos nesse tipo de estabelecimento. O número corresponde a 58,02% dos 3.123 postos revendedores que existiam na cidade naquela época, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Apesar de a pesquisa ter sido feita em 2010, Silva acredita que os dados continuam recentes. A situação não mudou muito com o passar dos anos. Pode ser que tenha até aumentado o número de casos, afirmou o especialista em segurança pública.
Ao longo de 2011, Silva verificou todos os boletins de roubos registrados no ano anterior que foram repassados pelas delegacias para a Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública.
Segundo ele, a intenção era descobrir se havia mais roubos a postos de combustíveis ou em bancos. A pesquisa de Silva levantou que 2010 teve 143 assaltos a agências, o equivalente a 6,12% dos 2.338 bancos existentes na cidade. Os números de agências são da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), neste ano foram registrados pelo menos 22 arrastões em bares e restaurantes da capital.
Governo de SP divulga dados errados sobre violência
Como se não bastasse não haver o detalhamento dos dados, a secretaria de Segurança Pública ainda divulga dados incorretos sobre a criminalidade. Em maio, o site da secretaria publicou por duas vezes incorreções sobre a criminalidade de janeiro a abril.
Diferentemente do informado, o número de homicídios dolosos (intencionais) até abril foi de 1.451 no Estado e 360 na capital, o que representa aumento de 6,4% e 14,3%, respectivamente, em relação a 2011.
Já as vítimas foram 1.529 (6,3% de aumento) no Estado e 379 (14,8%) na capital.
Não é a primeira vez que isso acontece. A imprensa tem notificado com frequência esses erros.
No final do ano passado, o governador Geraldo Alckmin também teve que se desculpar pelos números apresentados. A secretaria tinha se esquecido de registrar 43 homicídios.
*com informações do Jornal da Tarde e PTAlesp