Desgoverno Alckmin
Ex- secretário de Alckmin diz que secretaria de segurança virou curral eleitoral
O Detecta é uma farsa. É um software para detectar explosivos, adquirido pela polícia de Nova York para ações antiterroristas. Custou R$ 9 mi aos cofres públicos, R$ 4 milhões só para implantar. Só que é um aplicativo incompatível com a realidade de São Paulo e ainda nem conseguiram traduzir o inglês. É mais um engodo. A afirmação é do ex- secretário de Segurança Pública do governo Alckmin, Antonio Ferreira Pinto, em entrevista à blog do Moris. Ex-tenente e capitão da Polícia Militar, promotor de Justiça, Ferreira Pinto transformou-se em feroz crítico não só de seu sucessor, a quem acusa de descontinuar políticas acertadas de sua gestão, mas também do governador Alckmin.
De acordo com ele, o tráfico de drogas cresceu em progressão geométrica, nos últimos anos, O número de roubos ao patrimônio na capital e no Estado, que registraram alta pelo décimo quinto mês consecutivo, também é alvo das críticas do ex-secretário. Tenho uma indignação muito grande pela forma como a secretaria está sendo conduzida, pelo desmando, pela falta de uma política de Estado, pelos retrocessos após minha saída, diz Ferreira.
Segundo o ex- secretário do governo Alckmin o crime organizado aumentou. “O governo se vangloria de ter apreendido 60 toneladas de cocaína ano passado, mas nunca apresentou um traficante de médio porte. Hoje o PCC não é molestado e o crime organizado aufere um lucro de R$ 8 milhões ao mês. Temos gravações mostrando isso. Antigamente, o lucro era de R$ 4 milhões, aponta.
Ferreira Pinto também afirma que o houve retrocesso no combate à violência e acusa o atual secretário de ter abandonado o plano de gestão da polícia civil que havia elaborado na sua gestão. Voltou-se a um modelo de 40 anos atrás, antigo, arcaico, em que a polícia deixa de investigar os crimes e simplesmente os registra, sem dar prosseguimento. Voltou-se ao mero balcão de atendimento.
O ex- dirigente menciona pesquisa do FGV- Fundação Getúlio Vargas que mostra que a polícia só elucida 2% dos crimes. A política de Estado virou uma política oportunista, casuística, feita para atender interesses partidários de parlamentares que mandam e têm ingerência muito grande na secretaria. Este governo fez da secretaria de segurança novamente um sistema de capitanias hereditárias. Há uma absoluta ausência de política de segurança pública em São Paulo.
“A secretaria de segurança se transformou em curral eleitoral”, aponta o ex- secretário que citou como exemplo o caso de Piracicaba. “A cidade tem nove delegacias e todas elas fechavam à noite. Pretendíamos implantar o turno noturno em todo interior mas só conseguimos isso em Bauru, Presidente Prudente e Piracicaba. Esta política foi descontinuada. Retomou-se a política de se criar novas delegacias,” destacou. (rm)