Trensalão Tucano
Executivo aponta bom relacionamento de lobista com governo tucano
Segundo o ex-presidente da Bombardier Brasil André Michel Alexis Guyvarch declarou em depoimento à Polícia Federal, dois ex-presidentes da Alstom Brasil, Philipe Mellier e José Luís Alqueres,em 2004, recomendaram- a ele a contratação do lobista, o engenheiro Arthur Teixeira, para mediar as negociações Alstom junto ao governo do Estado de São Paulo, nas licitações do Metrô e da CPTM.
Teixeira é apontado pela Polícia federal como lobista que teria atuado no cartel que fraudou licitações do sistema metroferroviário de São Paulo, no período entre 1998 e 2008 (governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB).
Segundo André Guyvarch, os dois ex-dirigentes da multinacional francesa sugeriram a contratação de Teixeira para facilitar a tramitação dos documentos nos órgãos governamentais.
Na ocasião, André Guyvarch ocupava o cargo de diretor-geral do Setor de Transportes do Grupo Alstom para a América do Sul. Entre os anos de 2000 e 2004, ele exerceu as funções de diretor de sinalização e presidente geral da Unidade Francesa do Grupo Alstom.
Em 2006, foi contratado pela Bombardier como consultor, papel que executou até 2010, na Europa. Em março de 2011 assumiu a presidência da Bombardier Brasil, cadeira que ocupou até abril de 2014. Atualmente, não tem vínculos com a Bombardier Brasil.No depoimento prestado em 23 de outubro, a PF questionou André Guyvarch sobre um e-mail enviado por José Luís Alqueres para o então presidente da Divisão de Transportes da matriz francesa, Philippe Mellier.
Nesse e-mail Alqueres informava ter recomendado a contratação de Arthur Teixeira por seu bom relacionamento com o prefeito e o governador de São Paulo, à época. Foi o contrário do recomendado por mim, declarou Guyvarch. Tudo o que Alqueres recomendou foi o contrário daquilo que recomendei. Reitero que neguei a contratação de Arthur Teixeira, fato que gerou o e-mail de Alqueres para o presidente da Divisão de Transportes da matriz francesa, Philippe Mellier.Afirmou que os dirigentes da Alstom Paulo Borges, Geraldo Hertz e José Luís Alqueres tinham relacionamento com Arthur Teixeira. Segundo ele, Borges era o responsável pelos contatos com consultores, mas não sabe se ele se reuniu com Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira.
André Guyvarch disse que Paulo Borges conduziu todo o processo de negociação que resultou na aquisição de 12 trens pelo Consórcio Cofesbra. Afirmou, ainda, que Antonio Oporto era presidente da Alstom Transportes da Espanha. Antonio Oporto foi responsável pelo controle do resultado/lucro do Grupo Alstom no setor de transportes para a América do Sul desde 2004. Cesar Ponce de Leon era homem de confiança de Antonio Oporto na Espanha.
André Guyvarch disse que nunca teve contato com Oliver Hossepian, João Roberto Zaniboni e Ademir Venâncio de Araújo, ex-dirigentes da Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos (CPTM) que a Polícia Federal indiciou por corrupção e organização criminosa. Segundo ele, Arthur Teixeira começou a trabalhar na Alstom como consultor. Afirmou que não teve conhecimento de pagamento de propina e formação de cartel no setor metroferroviário.
Ele declarou que também não teve conhecimento, nem participação na assinatura de contratos da Alstom com as consultorias uruguaias que estão sob suspeita de pagamento de propinas a políticos e a agentes públicos GHT Consulting, e Gantown Consulting no âmbito da licitação da Linha 5 do Metrô. Ainda de acordo com o executivo, ele não teve conhecimento da assinatura de contrato da Alstom com a GHT no âmbito do aditivo ao consórcio Cofesbra.
A Alstom rechaçou as declarações do executivo e repudia as investigações que estão em andamento, sob sigilo de Justiça, a empresa não teve acesso, e estão sendo usadas de forma desproporcional e reiterada publicamente. (rm)
com informações do jornal O Estado de S. Paulo