Habitação
A população que reside em favelas na capital paulista cresceu duas vezes mais que no restante da cidade. Números da própria Secretaria Municipal de Habitação retratam o inchaço populacional na última década. Segundo reportagem publicada pelo Jornal O Estado de São Paulo no último dia 1º, essas moradias se expandem pela cidade em um ritmo que nem mesmo a Prefeitura consegue registrar.
De forma quase imperceptível, a capital ganha favelas em áreas centrais e até em bairros nobres. A Favelinha do Paraíso, por exemplo, fica ao lado da Avenida 23 de Maio. Caminhando pelas ruas da Vila Mariana, na zona sul da capital, contam-se dez favelas, apesar de o cadastro da Prefeitura contabilizar apenas cinco. Nos arredores do Aeroporto de Congonhas, um conjunto de 250 barracos equilibra-se ao lado de um córrego e divide uma rua, em mais uma demonstração de omissão do Poder Público.
Verticalização
De acordo com especialistas em Habitação e Urbanismo, as favelas têm em São Paulo 65 mil habitantes por km2. Como parâmetro de comparação, um exemplo é o Distrito da Bela Vista, que, mesmo tendo a maior densidade populacional da cidade, tem 23 mil pessoas por km2
As construções precárias verticalizaram-se nos últimos anos, reduzindo até a circulação de ar e, por conseqüência, favorecendo o agravamento de doenças contagiosas.
A expansão das favelas em São Paulo também reduziu o número de áreas verdes na cidade. Um levantamento da Secretaria Municipal de Habitação revela que 60% destas áreas ocupam terrenos que seriam destinados a praças e parques públicos.
Especialistas que participaram do Seminário O Pacote Habitacional, a Crise Econômica e o Direito à Moradia, realizado pela Frente Parlamentar de Habitação e Reforma Urbana do Estado de São Paulo em abril, enfatizaram que o investimento em habitação reduz outros problemas sociais, como saúde, saneamento, segurança e transportes. Dos 15 deputados que integram a Frente, nove são do Partido dos Trabalhadores.
Segundo o deputado Simão Pedro, que coordenou o Seminário na Assembleia Legislativa, faltam aproximadamente 1,5 milhão de moradias em São Paulo. A demanda por habitação provocou uma corrida aos empreendimentos imobiliários e bancos em busca de informações sobre o programa federal Minha Casa, Minha Vida.