Frente Brasil Popular/SP cobra apuração da corrupção na merenda

23/02/2016

Máfia da merenda

Frente Brasil Popular/SP cobra apuração da corrupção na merenda

Os corredores e galerias da Assembleia Legislativa paulista foram tomados nesta terça- feira 23/2, por cerca de duas mil pessoas integrantes de Frente Brasil Popular/SP, que agrega mais de 60 entidades de Movimentos Sociais, Sindicais e Estudantis, dentre os quais a Central de Movimentos Populares, Central Única dos Trabalhadores, APEOESP, UBES e UPES e UEE, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Atingidos pelas Barragens e Marcha Mundial das Mulheres compuseram as manifestações em prol à imediata instalação da CPI das Merendas.

As primeiras notícias de desvio dos recursos das merendas das escolas públicas vieram à tona em 19 de janeiro, a partir das investigações da promotoria da cidade de Bebedouro, quando seis pessoas entre funcionários e dirigentes da COAF – Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar, foram presos.
As suspeitas recaem sobre contratos superfaturados conduzidos pela Secretaria Estadual de Educação e prefeituras que fornecem merendas para creches e escolas públicas de ao menos 22 cidades, do interior do Estado.

As investigações apontam que a corrupção pode ter alcançado R$ 25 milhões dos recursos dos cofres públicos que foram drenados para deputados da base do governador e funcionários de alto escalão, como Luiz Roberto dos Santos – vulgo “Moita”, acusado de negociar e coletar propina, quando exercia o cargo de chefe de gabinete da Casa Civil da administração de Geraldo Alckmin.
Constam na lista de suspeitos vários secretários estaduais; – Edson Aparecido (Casa Civil) Arnaldo Jardim (Agricultura), Duarte Nogueira de Logística e Transportes e do ex- secretário Herman Voordwald, todos homens do primeiro escalão do governo do PSDB no Estado de São Paulo.

Há ainda os deputados federais Baleia Rossi do PMDB e Nelson Marquezelli.

CPI Já

Os integrantes da Frente Brasil Popular/SP, abordaram os deputados na tentativa de sensibilizá-los para que apoiem o pedido de CPI da Merenda de autoria da Bancada petista, que coletou 23 assinaturas ;- são necessários 32 para o pedido ser protocolado.

Durante as manifestações no interior da Assembleia Legislativa, estudantes, professores, militantes e ativistas sociais entoavam palavras de ordem e cantigas com críticas ao fechamento de salas de aula e corrupção nas licitações para na aquisição da merenda.

Partes dos participantes protocolaram nos gabinetes o pedido de instalação imediata da CPI da Merenda e conforme a posição do mandato eles colavam adesivo de apoio ou não às investigações.

Plenário Obstruído

Paralelamente ao ato e manifestações acontecia a sessão no plenário da Assembleia, a cada manifestação dos deputados da oposição que criticam a falta de transparência do governo Alckmin, a deputada do PSDB Analise Fernandes, suspendia a sessão e por várias vezes criticou e ameaçou retirar a plateia que vaiava e ou aplaudia os oradores.

Na avaliação do coordenador da frente Brasil Popular/SP, Douglas Izzo, a Assembleia Legislativa deve cumprir seu papel e apurar os responsáveis pelo desvio dos recursos da merenda escolar. “ O presidente da Assembleia deputado Capez assinou o pedido de CPI, num jogo de cena, nós sabemos que regimentalmente sua assinatura não pode ser contabilizada para o protocolo do pedido da CPI, nós esperamos que ele fale com os deputados da base de sustentação para que permitam as investigações para valer”, defendeu.

Na pauta dos debates

Apesar de o desvio ter sido revelado há mais de mês,esta terça, foi o primeiro dia em que a questão foi abordada nos debates da Assembleia Legislativa.

No dia 01/2, na abertura dos trabalhos parlamentares o líder da Bancada do PT, deputado Geraldo Cruz informou ao presidente da Assembleia Fernando Capez, da necessidade dos deputados cumprirem o dever regimental e constitucional de realizarem as investigações das denúncias de envolvimentos de secretários de estado, deputados e até funcionários do Poder Legislativo na corrupção dos recursos da merenda.

Desde então, a Bancada do PT tem se empenhado na busca de coleta de assinaturas para protocolar o pedido.
Com apoio da Bancada petista os movimentos populares liderados pela Frente Brasil Popular/SP que estiveram na Assembleia cobraram dos deputados apoiadores do governo Alckmin, a adesão à CPI e as investigações.

Nas suas colocações em defesa da CPI, o líder petista Geraldo Cruz lembrou que o escândalo tem ocupado os noticiários da imprensa e classificou como gravíssima as denuncias de que secretários, deputados e funcionários da Assembleia façam parte do esquema de corrupção do dinheiro da merenda. “ A CPI pode ser uma boa oportunidade para prestarmos conta à população e inclusive um meio mostrar quem é inocente,” ponderou.

Na sequencia o deputado Teonílio Barba, criticou a base governista que tem postergado o tema na Assembleia, apesar dos trabalhos terem começado à quase um mês.O deputado disse que lhe causava estranheza o fato do ex- chefe de gabinete da Casa Civil, “ Moita” ter sido exonerado um dia antes da operação ser deflagrada.

A falta de investigação da administração do governo Alckmin foi destacada pelo deputado professor Auriel, que lembrou que o PSDB conduz o Estado de São Paulo há mais de 20 anos e tem sido blindado, sem nenhuma apuração. “Uma CPI não vai favorecer este ou aquele deputado, mas toda a população do Estado e nossas crianças que devem receber uma merenda de qualidade”, defendeu.

A falta de qualidade da merenda fornecida pelo Estado também foi mencionada pelo deputado João Paulo Rillo que já havia provocado o Ministério Público Estadual, antes mesmo de vir á tona as denuncias de atuação da máfia da merenda.

Rillo criticou ainda o quanto o PSDB é poupado nas críticas na abordagem da imprensa e formadores de opinião. “ Quando os denunciantes são contra o PT são tratados como delatores, mas quando apontam corrupção do PSDB , são desqualificados e carimbados como corruptos,” observou.

Na avaliação do deputado, em São Paulo há em curso um estado de exceção com ação da polícia e da mídia que atacam os movimentos sociais e partidos de esquerda e afirmou que a corrupção da merenda tem um duto que saí do coração da administração do governo Alckmin.

Os valores exorbitantes do suco de laranja pagos pela Secretaria Estadual de Educação e o fato de em 2014, ano de eleições o Estado ter elevado os gastos com a aquisição de merenda, fizeram parte das manifestações da deputada Beth Sahão líder da minoria, na Assembleia Legislativa.

Márcia Lia por sua vez, informou que os problemas com a qualidade da merenda existem há muito tempo e de longa data é tratado na região de Araraquara, “ há tempos nós recebemos a informação que as crianças rejeitam a merenda e verificamos a péssima qualidade do enlatado.
A deputada cobrou ainda o fechamento de salas de aula que o governo Alckmin vem patrocinando de maneira sorrateira, sem dialogar com sociedade.

Outro que ocupou o púlpito foi o deputado Alencar Santana Braga que ressaltou a necessidade de apuração e defendeu que a Assembleia Legislativa cumpra seu papel de fiscalizar o Poder Executivo e tire a limpo os responsáveis pela corrupção da merenda em São Paulo.

Os movimentos sociais encerraram a manifestação com a promessa de acompanhar passo a passo as ações da Assembleia Legislativa na apuração do pagamento de propina, com o dinheiro desviado da merenda das crianças das escolas públicas. ( RM)

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