Violência
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia ouviu na tarde desta terça-feira (10/4) Vinícius Queiroz da Silva, de 15 anos, que perdeu o olho direito depois de receber um tiro de bala de borracha que teria sido disparado por um PM em São Miguel Paulista, zona leste da capital.
O garoto contou que conversava com amigos e que, próximo ao local, um carro tocava música em alto volume. De acordo com Vinícius, viaturas chegaram com PMs já atirando. As pessoas que se encontravam no local correram. Quando o garoto se virou para ver o que acontecia, uma bala de borracha o atingiu.
Ele tirou o projétil que estava grudado ao seu olho e o entregou a um amigo. Muito ferido, teve socorro negado por uma viatura da polícia. Esperou por cerca de 15 minutos até que a viatura de onde teria vindo o disparo o socorresse.
De acordo com o próprio delegado que investiga o caso, e que também compareceu à reunião da Comissão, Adilson Jorge Donofrio, os policiais da viatura lavraram dois boletins de ocorrência sobre o caso. No primeiro, nem mencionam os tiros e, nos dois, afirmam que Vinícius teria sido vítima de uma pedra que as pessoas que estavam no local teriam atirado contra a polícia.
O advogado da família do garoto, Anderson Dias de Meneses, afirma que os policiais negam que sejam autores do disparo que atingiu Vinícius e que, ainda de acordo com a versão dos PMs, o garoto teria encontrado o projétil no chão e esfregado no olho.
O deputado do PT Marco Aurélio lembrou que balas de borracha também foram usadas contra os moradores do Pinheirinho, durante a desocupação. Esse é o modus operandi do governo do Estado, afirmou.
O delegado Adilson pretende encerrar o inquérito em 30 dias. Os outros servidores envolvidos também foram convidados, mas não compareceram à reunião. O presidente da Comissão, deputado Adriano Diogo, falou que agora serão convocados. E para finalizar falou a Vinícius: reaja, não deixe que esta injustiça destrua sua via. O garoto hoje usa uma prótese e afirma que não recebe nenhuma ajuda do Estado.