Calotes Tucanos

Arrochados há mais de oito meses, os médicos residentes têm realizado frequentes manifestações na Assembleia Legislativa em busca de apoio e mediação dos deputados para receberem do governador Geraldo Alckmin reajuste de 11,91%, da bolsa- auxílio, que deveria estar sendo pago desde abril.
Na semana passada os médicos se dirigiram à Alesp na esperança de falarem com os deputados e líderes partidários, mas o presidente da Casa, deputado Fernando Capez (PSDB), enviou PMs para recepcioná-los, na porta do prédio.
Para impedir o acesso dos médios residentes, os PMs ficaram postados numa barreira humana, municiados de cassetes e armas, numa cena grotesca, desproporcional e de evidente censura aos manifestantes.
Os médicos, com seus tradicionais jalecos brancos, promoviam um ato pacífico, bem humorado e com leve irreverência. Alguns, com nariz de palhaço, seguravam balões pretos, apitos e usavam máscaras de papel com o rosto do governador Geraldo Alckmin.
Esta munição foi o suficiente para o que os médicos fossem tratados como bandidos e expostos à humilhante revista e terem pertences recolhidos. As mulheres tiveram que abrir as bolsas e disporem numa caixa improvisada os guarda- chuvas e garrafas de água e, assim como os homens eram constantemente alertados que deveriam também depositar no coletor o nariz de palhaço, apitos e as máscaras.
Toda esta censura, intimidação e constrangimento tinham como objetivo coibir o movimento que cobra o calote por parte do governador Geraldo Alckmin.
O pleito dos médicos residentes resultou da negociação realizada em nível nacional entre o Conasss (Conselho Nacional de Secretários de Saúde ) e a ANMR (Associação Nacional dos Médicos Residentes), no ano passado.
Segundo a Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin é o único do país que ainda não pagou o reajuste da bolsa dos médicos residentes.
A Associação informa ainda que já fizeram atos em caminhada até o Palácio dos Bandeirantes e à Secretaria Estadual de Saúde, mas as tentativas de diálogo foram infrutíferas.
O governo que não abre canal de diálogo e semeia o falso argumento que não tem recurso e precisa de autorização parlamentar para remanejar verba e efetuar o pagamento.
Na ocasião da aprovação do Orçamento de 2016, pela Assembleia Legislativa, foi prevista uma margem de remanejamento que permite ao governador fazer a realocação de recursos de uma rubrica para a outra, sem precisar de nova autorização do Poder Legislativo.
Além do calote, os médicos foram submetidos à truculência, censura e falta de sensibilidade do presidente Capez, que tratou com intimidação, coação aqueles que queriam apenas dialogar e receber.
Rosário Méndez