Crise da água
Diante da maior crise hídrica da história da Grande São Paulo, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) prevê o início de um rodízio de água até a primeira quinzena de abril.
O prazo discutido entre integrantes do governo e dirigentes da Sabesp, a estatal de saneamento, coincide com o fim do período chuvoso e a previsão de término da segunda cota do volume morto do sistema Cantareira.
Hoje, o sistema abastece 6,2 milhões de pessoas nessa região. Na capital, atende toda a zona norte e partes das regiões leste, oeste, centro e sul.
O formato do rodízio, porém, ainda não foi definido. Segundo a Folha apurou, o cenário de 5 por 2 (cinco dias sem água para dois dias com abastecimento), citado pelo diretor Metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, é o mais drástico entre os analisados.
A metrópole só escaparia do rodízio agora, caso o período chuvoso registrasse um volume acima da média, o que é avaliado como improvável pelos meteorologistas.
A equipe técnica da Sabesp estuda, por exemplo, entre outras alternativas, aplicar o rodízio num primeiro momento apenas sobre a área atualmente atendida pelo Cantareira –outros cinco mananciais atendem a Grande SP.
No último rodízio feito na capital paulista, em 2000, por exemplo, por causa do baixo nível do sistema Guarapiranga, somente a zona sul e parte da zona oeste foram afetadas por cortes de água.
Na época, o racionamento ocorria por um período de 24 horas, a cada três dias.
Neste momento, a Sabesp discute ainda colocar a Grande SP em regimes menos drásticos que o já anunciado, como de 4 (sem água) por 2 ou de 3 (sem água) por 2.
Essa escolha está condicionada ao volume de água que terá de ser economizado até o início do próximo período de chuvas, em outubro.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, independentemente do período determinado, a Sabesp teria de oferecer ao menos dois dias seguidos de abastecimento em cada bairro, para garantir que os locais mais distantes dos reservatórios recebam água.
“Num turno de apenas 24 horas com água, é possível que, em locais mais distantes, a água não chegue. Então, por isso, a decisão de dois dias com água”, disse o professor Antônio Carlos Zuffo, da Unicamp.
Ainda segundo especialistas, modelos com menos dias de torneiras secas, como o de 2 por 2, por exemplo, podem ser pouco econômicos diante da gravidade dessa crise.
O governo estadual calcula ainda que a decisão do modelo a ser adotado deverá ser tomada pelo menos um mês antes do início do rodízio.
Além do lançamento de uma campanha publicitária para orientar a população, deverão ser feitas adaptações nas tubulações da rede.
Hospitais, escolas e presídios, por exemplo, teriam de ter um regime especial.
Nesta sexta-feira (30), o governador deve ir a Brasília para encontro com a presidente Dilma Rousseff (PT).
Juntos, devem anunciar a inclusão no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da obra de transposição de água do rio Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, para uma represa do Cantareira.
Com isso, a obra poderá ser contratada mais rapidamente, fora do processo normal de licitação. Com valor de R$ 830 milhões, a previsão é de que fique pronta em 2016.
Fonte: Folha de S. Paulo