Em apenas cinco anos
Entre 2007 e 2011, o governo do Estado de São Paulo gastou R$ 608,9 milhões com publicidade. O valor equivale a seis vezes o investimento da Secretaria da Cultura em 2011.
Esses dados referem-se apenas aos gastos com as secretarias e não computam a publicidade de fundações, autarquias e estatais, como o Metrô e a Sabesp.
O auge foi em 2009 e 2010, quando o então governador José Serra (PSDB), que hoje disputa a prefeitura, era candidato a presidente. Em 2009, foram R$ 173 milhões em anúncios, quase o triplo de 2007, início de sua gestão.
Em 2010, o desembolso total recuou 9%. Mas considerando a norma que proíbe publicidade estatal nos três meses que antecedem a eleição, a média dos nove meses permitidos de 2010 acabou sendo o recorde dos cinco anos: R$ 17,6 milhões por mês.
No primeiro ano do atual mandato de Geraldo Alckmin (2011), o gasto anual caiu 55% em relação a 2010. Ainda assim, foi 17% maior que 2007 primeiro ano da gestão Serra.
Dos R$ 608,9 milhões gastos em cinco anos, quase 70% pagou anúncios para TVs. Rádios de mais de 200 municípios levaram 17,1%. Em seguida aparecem os jornais (7,7%) e as revistas (2%). Outros tipos de mídia captaram 3,5%.
Agências
Nem todo o dinheiro do governo gasto com publicidade remunera os veículos. Conforme as regras do setor, 20% do valor de cada anúncio fica com a agência contratada pelo anunciante.
No caso paulista, a principal agência responsável por anúncios do governo é a Lua Propaganda, vencedora de uma licitação de 2007. As outras são a Adag e a Contexto.
Titular de um contrato estimado em R$ 34,6 milhões por ano (a remuneração é variável, pois depende de quanto é anunciado), a Lua está registrada no nome do publicitário Rodrigo Gonzalez e três sócios. Rodrigo é filho de Luiz Gonzalez, o marqueteiro das campanhas eleitorais de Serra e Alckmin.
Além da conta principal do governo, a Lua ainda responde pela publicidade da Dersa (empresa rodoviária do Estado) e da Nota Fiscal Paulista, programa vitrine do governo.
TVs religiosas receberam mais do governo de SP que a TV Cultura
Um dado que chama a atenção nos gastos de mídia de São Paulo é a propensão por TVs religiosas.
Em cinco anos foram R$ 4,9 milhões para emissoras como as católicas Rede Vida e Canção Nova, e as evangélicas Gospel e RIT (Rede Internacional de TV), do missionário R.R. Soares.
O total é 40% maior que a verba dirigida à TV Cultura, que é do Estado e tem sinal aberto, com potencial bem maior de audiência.
fonte: Folha de S. Paulo