Encontro com prefeitos

Durante o encontro de prefeitos, prefeitas e vices do PT de São Paulo, organizado pelo Diretório Estadual, em 31/3, na cidade de Várzea Paulista, o líder da Bancada petista, deputado Rui Falcão, afirmou que estamos diante de uma crise do sistema capitalista, e não de uma crise financeira. É no momento em que estamos diante de uma crise do mundo da produção, que temos que fazer a disputa de hegemonia, defendeu. Ele enfatizou que o PT tem comprometimento zero com as raízes desta crise.
O deputado criticou FHC que, a pretexto de inserir a economia brasileira na globalização, o fez de forma subordinada. Ele citou a revista The Economist, que, embora de direita, atribuiu a resistência do Brasil, nesta crise, ao forte mercado interno estruturado pelos programas sociais, à indução estatal do desenvolvimento por meio do PAC e à atuação dos grandes bancos e empresas estatais no financiamento da produção.
Embora queiram afirmar que tudo de bom foi gestado no período FHC, foi o contrário, pois os tucanos tornaram nosso país mais vulnerável e frágil diante das crises internacionais, enfatizou. Para ele, o governador José Serra é um exemplo do tipo de política que os tucanos têm para momentos de crise. Ele criticou a política tributária do Estado, o salário mínimo anunciado por Serra, que não inclui os servidores, a falta de investimento em moradia e o contingenciamento de orçamento, apesar do superávit e dos empréstimos aprovados.
Nosso governo é a principal referência de alternativa na crise, sentenciou Falcão. O líder petista parafraseou Slavoj Zizek ao dizer que querem descafeinar a política. Querem que prefeitos e governadores façam apenas gestão, enquanto política fazem os outros, afirmou. Segundo ele, é justamente pelo perfil político dos prefeitos petistas que ganhamos eleição e mudamos a vida das pessoas nas cidades.
Participaram da mesa de abertura do encontro, além de Rui Falcão e do presidente do Diretório Estadual, Edinho Silva, o prefeito anfitrião de Várzea Paulista, Eduardo Tadeu, o secretário geral do PT, deputado federal José Eduardo Martins Cardozo e o secretário estadual de Assuntos Institucionais do PT, Luiz Turco.
Refletir projetos estão construindo, enfatiza Edinho Silva
O presidente do PT-SP, Edinho Silva, defendeu a necessidade dos prefeitos refletirem sobre questões nacionais e regionais, para saberem que projeto estão construindo em seus municípios, antes de buscar recursos para obras e programas. Todo prefeito é danado para se enfiar na burocracia da Prefeitura e achar que isso vai resolver, disse o dirigente petista.
Edinho enfatizou a necessidade dos prefeitos petistas fazerem o embate ideológico e de rumos, neste momento em que a crise mundial é a principal preocupação de cada lar paulista. Precisamos mostrar para a sociedade qual o papel do governo de São Paulo no enfrentamento à crise, ressaltou, lembrando que, enquanto o presidente Lula anuncia o programa de construção de um milhão de moradias, o governador não cumpre sequer a verba mínima carimbada da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
O dirigente do PT destacou parte das propostas do partido para o enfrentamento da crise no estado. Ele mostrou que, enquanto o governo Lula implementa todas elas, reagindo de forma ofensiva contra a crise, o governador contingencia recursos paralisando o estado. Temos que questionar porque o governador não reúne câmaras setoriais para discutir desoneração com garantia de emprego, como fez o presidente Lula, ponderou o líder petista.
De acordo com Edinho, estes são os projetos em jogo, que precisam ser discutidos. De um lado, o governo Lula, um governo desenvolvimentista, com distribuição de renda, e de outro o governo tucano, que sucateia o Estado, vende o único banco de investimento e contingencia os programas sociais no momento em que o trabalhador mais precisa, resumiu.
Consequências barradas
O secretário-geral nacional do PT, o deputado federal José Eduardo Martins Cardozo (SP), também ressaltou que o combate à crise não é da responsabilidade apenas do governo federal. Inclusive, esta crise vem de uma política econômica que nunca defendemos, afirmou. Segundo Cardozo, foi o governo do PT que construiu mecanismos que barram as consequências da crise.
Cardozo lembrou que, se não fosse o governo Lula recusar a formação da Alca, abrindo novos mercados de exportação, o Brasil estaria dependente de mercados que, hoje, estão totalmente quebrados. O que seria de nós, se enfrentássemos essa crise sem o Banco do Brasil, sem a Caixa Econômica e a Petrobras, que Fernando Henrique Cardoso queria privatizar?, questionou o parlamentar petista.