Ingressos de festa em que aluno morreu foram vendidos na Unesp, dizem pais

06/03/2015

Irresponsável

Os pais de Gabriela Alves Correa, de 23 anos, estudante de relações públicas da Unesp de Bauru, divulgaram uma carta na quinta-feira (5), na qual revelam que os ingressos para a festa “open bar”, realizada no sábado (28), foram vendidos dentro do câmpus da faculdade, o que é proibido. A Unesp reafirmou a proibição e informou que vai apurar a denúncia.

Na festa, o estudante de Engenharia Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, morreu após beber 25 doses de vodca durante uma “competição” de resistência à bebida. Outros três estudantes da universidade, entre eles Gabriela, que também participaram da festa, foram internados em coma alcoólico. Gabriela foi a última a receber alta, às 17h08 de ontem.

Na carta, os pais da estudante, que assinam apenas com iniciais, afirmam que “a universidade teve seu nome envolvido e, até mesmo, os convites foram vendidos em suas dependências” e pedem que a escola reforce a fiscalização contra esse tipo de evento. “Não podemos responsabilizar a Unesp, entretanto, esperamos que haja uma maior fiscalização por parte da universidade nos eventos que envolvam seu nome.”

Eles também agradecem as pessoas e instituições que ajudaram na recuperação da filha, prestam solidariedade à família de Fonseca e dizem esperar que “as próximas festas contem com melhor infraestrutura, que os organizadores sejam mais responsáveis e que haja mais fiscalização e rigor das autoridades para que fatalidades não voltem a acontecer”. Eles também pedem que as famílias dos estudantes fiquem mais atentas e orientam constantemente os filhos que moram longe de casa.

Na quarta-feira (4), a enfermeira e professora universitária Josely Pinto Moura, mãe do estudante morto, sugeriu uma grande campanha para conscientizar a comunidade acadêmica sobre os perigos do álcool. “As universidades, os pais dos estudantes, o Judiciário, enfim toda a sociedade, deveriam fazer uma grande campanha para conscientizar os estudantes sobre o perigo e os riscos dessas festas e do abuso do álcool”, afirmou Josely.

“Isso não vai trazer meu filho de volta, mas pode evitar que muitas mães percam os seus, como eu perdi”, completou. A enfermeira disse também que não pretende responsabilizar judicialmente ninguém pela morte do filho, mas pediu que a Unesp puna os estudantes que promoveram as competições de resistência à bebida.

Outro lado

A direção da Unesp afirmou que a venda de ingressos para festas com consumo de álcool é proibida dentro da faculdade e que vai apurar a denúncia feita pelos pais de Gabriela.

De acordo com a assessoria de imprensa da Unesp, a diretoria da Faculdade de Engenharia do câmpus de Bauru deverá instalar nos próximos dias uma Comissão de Apuração Preliminar, que vai investigar a morte de Fonseca e o envolvimento da universidade nos fatos.

A comissão deverá levantar informações e confrontar a veracidade delas, fiscalizar a existência de câmeras, fotos da festa e requerer providências que possam resultar em provas para abertura de uma sindicância para punir os responsáveis.

Universidades têm de ser corresponsabilizadas por delitos cometidos fora do campus, diz médico à CPI

O pediatra e pneumologista João Paulo Becker Lotufo, conhecido como dr. Bartô, apresentou nesta quinta-feira, 5/3, à CPI que apura a violação dos direitos humanos nas universidades paulistas, resultado de pesquisa mostrando que 60% das crianças que experimentaram álcool aos dez anos de idade, aos 17 anos já estão bebendo diariamente.

O presidente da CPI, deputado Adriano Diogo (PT), convidou dr. Bartô a participar da CPI para mostrar os resultados desse estudo, já que todas as situações de violência vivenciadas pelos primeiranistas nas universidades paulistas envolveram o consumo exagerado de álcool.

Realizada em 2013, com 6.500 jovens e adolescentes entre dez e catorze anos que estudam em dez escolas municipais e estaduais do entorno da USP, a pesquisa coordenada por dr. Bartô revela outros dados: 25% dos fumantes estão na faixa etária de 17 anos; 27% fazem uso de maconha; e 5% experimentaram crack antes dos 17 anos. “O álcool é o que mais preocupa, enfatizando o percentual de 60% de jovens que consomem essa droga”. Ele desenvolve um projeto junto aos alunos dessas escolas há 14 anos, desde a morte do estudante Edison Tsung Hsueh, por afogamento, na piscina da Associaão Atlética da Faculdade de Medicina da USP.

Fonte: jornal O Estado de S. Paulo e portal Alesp

Leia mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *