CPI
A deputada petista Beth Sahão vai requerer à CPI da Pedofilia dados sobre prostituição infantil em Barra do Turvo, localizada no Vale do Ribeira, e São Sebastião, no litoral norte. Coordenadora da ONG Serviço à Mulher Marginalizada, a jornalista Priscila Siqueira denunciou hoje, durante reunião da CPI da Pedofilia, que a exploração sexual de crianças e mulheres é mais intensa nestas cidades e também nas comunidades quilombolas do Vale do Paraíba e nos bares ao longo da BR 116, que liga São Paulo a Curitiba.
Em Boiçucanga, é comum as meninas dormirem nas aulas porque trabalharam à noite em bordéis. Também há denúncias de adolescentes que são embarcadas em petroleiros no litoral paulista, contou Priscila, que relatou também a exploração de meninas coreanas no Bom Retiro, bairro localizado nas imediações da Estação da Luz, tradicional ponto de prostituição na capital, e o embarque de adolescentes brasileiras para o trabalho de dançarina em países europeus.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o lucro mundial com o tráfico humano para exploração sexual chega a US$ 31,6 bilhões por ano. O Brasil é maior exportador de crianças e mulheres para prostituição nas Américas e serve como país de trânsito para aliciadas nas nações latino-americanas e caminho da Europa, Ásia e Estados Unidos, disse a jornalista.
O Brasil é signatário do Protocolo de Palermo, que foi assinado em 2000 na cidade italiana por mais de 130 países com o objetivo de prevenir, suprimir e punir o tráfico de pessoas, especialmente de mulheres e crianças. Mas as ações previstas no documento não têm sido suficientes para deter a prática do crime.
É preciso investir em prevenção e no atendimento às vítimas, que é papel do Estado, e a responsabilização dos culpados é tarefa da Polícia e do Ministério Público, explicou Priscila, que apresentou à Comissão um importante relato sobre o cenário cultural e também econômico que favorece a pedofilia, o tráfico humano e a exploração sexual.
A CPI da Pedofilia começou a investigar, no dia 06 de abril, os crimes que envolvem a exploração sexual de crianças do Estado e suas conexões com outros estados e países.