Perdas e danos
As chuvas de verão já deixaram em São Paulo um saldo de aproximadamente 23 mortos, 22 feridos, 2 mil desabrigados e 8 mil desalojados. Mais 4 cidades entraram em alerta nesta terça-feira (18/01) com o anúncio da Sabesp de abertura de represas para dar vazão às águas. A medida pode alagar os municípios de Jaguariúna, Pedreira, Amparo e Bragança Paulista.
Há ainda dezenas de cidades que enfrentam outras situações emergenciais, como Lençóis Paulista, que teve parte da região central e até a sede do SAEE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) inundadas, o que deve provocar racionamento de água.
Na capital, a destruição provocada pelas enchentes é tema recorrente. No último dia 10, a cidade contabilizou 127 pontos de alagamento, um recorde desde 2005. Mais uma vez, os Rios Tietê e Pinheiros transbordaram, deixando motoristas ilhados. No caso do Tietê, foi o quinto transbordamento desde a ampliação da sua calha, em 2005. No ano passado, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) gastou R$ 64 milhões para retirar sedimentos do Rio.
Obras em 24 horas?
O governador Geraldo Alckmin disse que não é possível fazer obra em 24 horas contra as enchentes. Teria razão se não tivesse esquecido que está no governo há 16 anos, lamentou o deputado petista Rui Falcão, em referência à longa gestão tucana em São Paulo.
Desde 1998, quando o Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) concebeu o plano de Macrodrenagem, apenas 45 dos 134 piscinões previstos foram entregues. A impermeabilização do solo, agravada pelo crescimento da mancha urbana da Grande São Paulo, que quase triplicou em 50 anos, e o assoreamento dos rios exigem uma medida urgente, explica a reportagem O caos paulista, publicada pela Revista Isto É.
O urbanista e ex-secretário de obras da capital, Cândido Campos Filho, explica que não há uma articulação entre a Prefeitura e o Governo do Estado na realização de serviços e projetos feitos na cidade. A solução para São Paulo só será possível com um estudo minucioso, que leve em conta o aumento das chuvas a cada ano e a adoção de políticas transversais, diz o urbanista à Isto É.