Comissão da Verdade
Mais depoimentos revelam ligação da Fiesp com a tortura na ditadura militar
O ex-deputado estadual e ex-marido de Dilma Rousseff, Carlos Araújo, confirmou recentemente informações que a Comissão Estadual da Verdade, presidida pelo deputado Adriano Diogo, já havia levantado: a Fiesp esteve ligada à tortura na época da ditadura militar no Brasil.
“Tenho certeza de que a Comissão da Verdade vai entrar neste antro da Fiesp, que foi responsável não só por financiar, mas também por assistir e estimular a tortura”, disse o ex-deputado, que também foi torturado.
“Não foram poucos os empresários que iam para a sala de tortura estimular os torturadores e se envaidecer com a tortura dos nossos companheiros”, acrescentou Araújo, citando ainda Nestor Figueiredo, “que está na cúpula da Fiesp até hoje”, como responsável pela atuação da entidade. De acordo com ele, a investigação sobre a ação da federação durante a ditadura é importante “politicamente e ideologicamente” porque a “direita raivosa está por aí”.
Em entrevista à TV PTAlesp, o deputado Adriano Diogo afirma que ninguém apoiou mais a ditadura do que o empresariado paulista. Diogo também fala sobre a ligação do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, conhecido como Lalau, com a ditadura.
Inclusive, nesta segunda-feira (25/3),o Tribunal Regional Federal da 3ª Região cassou a prisão domiciliar do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto. Com a decisão, o ex-magistrado terá que retornar para a cadeia. O réu cumpria pena na casa dele, em São Paulo, com escolta da Polícia Federal, desde 2007.
Nicolau foi condenado a 26 anos, seis meses e 20 dias de prisão, em regime fechado, pelos crimes de peculato, estelionato e corrupção passiva. Ele foi acusado de participar de um esquema de desvio de quase R$ 200 milhões das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Comissão Estadual da Verdade
Seis livros com o registro de pessoas que entravam e saíam da ala de delegados e diretores do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) entre março de 1971 e janeiro de 1979 foram analisados pela Comissão Estadual da Verdade.
Os documentos mostram que um dos visitantes mais assíduos era Geraldo Resende de Mattos, identificado pelos funcionários que faziam as anotações nos chamados livros de portaria como representante da Fiesp.
Mattos realizava visitas praticamente semanais ao Dops. Durante o período apurado foram mais de 300 registros. Seu nome aparece em todos os seis livros disponibilizados pelo Arquivo Público.
Em muitas ocasiões há o registro da entrada de Mattos, mas não a sua saída, o que comprova que teria saído depois das 22h, quando o funcionário responsável por fazer os registros já havia ido embora.
A Comissão procurou a Fiesp para entender a ligação da entidade com a ditadura militar, mas a Fiesp se limitou a informar que Mattos nunca fez parte de seu quadro de funcionários.