Obra bilionária dos tucanos
De novo, grandes trechos da Marginal do Tietê está às escuras. A falta de luz à noite, aumenta a sensação de insegurança dos motoristas e de quem vive ou trabalha no entorno. O problema, que tem sido recorrente, atinge pontos de luz principalmente entre as pontes da Freguesia do Ó e das Bandeiras.
Inaugurado em 2010, junto com o alargamento da Marginal do Tietê, o sistema de iluminação da via expressa custou R$ 64,8 milhões para ser implantado, segundo a Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), responsável pela obra. São quatro mil lâmpadas ao longo dos 23,5 km da marginal.
O apagão não é recente. Seis meses atrás, já havia sido noticiado que ao menos 240 lâmpadas do local estavam apagadas, enquanto outras acendiam durante o dia.
Reforma bilionária
Apesar das cifras bilionárias gastas pelo governo tucano R$ 1,8 bilhão na reforma da Marginal do Tietê em 2010, a via ainda apresenta problemas. Além da iluminação, o Estado ainda não criou o sistema inteligente de controle de tráfego, que permitiria restringir a entrada de motoristas em pontos congestionados, por exemplo. O sistema foi anunciado em junho de 2009, quando o governo estadual iniciou a reforma, e previa ainda instalação de câmeras, painéis luminosos, sensores de enchente e de altura de veículos.
Também a Dersa não fez a compensação ambiental pela obra. Construída para compensar os danos ambientais da ampliação da Marginal, a estrada-parque da zona leste deveria ser hoje a maior área verde pública de São Paulo, com 23 vezes mais árvores do que o Parque do Ibirapuera, na zona sul. Mas a Dersa, empresa ligada ao governo do Estado e responsável pela via que exigiu o corte de 8.137 árvores, 60% delas nativas, só replantou o mesmo número de espécies retiradas.
Outras 330 mil mudas que deveriam suprimir o impacto do corte feito durante a construção foram compensados com a obra da própria estrada.A estrada-parque deveria ser uma compensação pelas 717 árvores retiradas para a construção das novas pistas da Marginal e pelos 19 hectares (30 campos de futebol) de solo impermeabilizados. A compensação exigida era o replantio de 338.011 mudas, no mesmo local, de espécies nativas.
MP chegou até a pedir que obra fosse suspensa
Em setembro de 2009, o Ministério Público Estadual pediu que a obra de ampliação da Marginal Tietê fosse suspensa baseada em um diagnóstico de especialistas. Na época, urbanistas alertaram que a obra iria aumentar as enchentes e congestionamentos.
Os deputados da Bancada do PT denunciaram em Plenário toda essa problemática. No entanto, o governo do Estado prosseguiu com a construção e às pressas, em março de 2010, fez a entrega da obra incompleta. Também a Justiça decidiu não acatar o pedido do MP.
Erro histórico
Para arquitetos e urbanistas, a obra da chamada Nova Marginal é um grande erro. Um grupo de entidades que representam geógrafos, arquitetos e urbanistas já havia elaborado, no dia 4 de agosto de 2009, uma moção contra a continuidade das obras na Nova Marginal. Há importantes questões geográficas e ambientais em jogo a serem respeitadas, relacionadas à hidrografia e aos fatores climáticos, incluindo a poluição e as ilhas de calor que poderão aumentar consideravelmente com o aumento da impermeabilização e o mar de pistas de asfalto sem nenhum sombreamento, já que as árvores foram derrubadas, informa o texto da Moção Sobre a Nova Marginal, Seus Desdobramentos e Suas Alternativas.
Com relação aos problemas de iluminação na via, o Departamento de Iluminação Pública da Prefeitura (Ilume) aponta, entre outros fatores, o vandalismo e o furto de cabos para explicar o apagão. A Prefeitura não informou, no entanto, quando os postes apagados voltarão a acender.
*com informações do Jornal da Tarde e PT Alesp