Metrô diz que fiscaliza a fiscalização

14/02/2007 15:50:00

A comissão de representação criada pela Assembléia Legislativa para investigar o acidente da linha 4 ouviu nesta terça-feira, 13/2, mais três depoimentos. Os funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo Luiz Carlos Grillo, diretor de engenharia, Argemiro Álvares Ferreira, ex-assessor da linha 4, e Sérgio Avelleda, gerente jurídico da companhia, fizeram exposições para os membros da comissão.

Segundo Luiz Carlos Grillo o Metrô fiscaliza a obra mediante análise dos relatórios de fiscalização encaminhados pelo Consórcio Via Amarela, contratado por preço fechado (turn key) com base na Lei de Parcerias Público-Privadas. “O Metrô fiscaliza a fiscalização”, disse.

A maior parte das questões dirigidas ao atual diretor de engenharia Luiz Carlos Grillo, que assumiu o cargo apenas três dias antes do desabamento do poço da estação Pinheiros, referiram-se à polêmica modificação do sistema Shield (máquina perfuratriz conhecida no Brasil como “tatuzão”), inicialmente exigido no contrato, para NATM (New Australian Tunnelling Method, ou “novo método australiano para perfuração de túneis”) com base na Lei de Parcerias Público-Privadas.

Sobre possíveis interdições da obra, já que havia indicações de risco, Grillo não respondeu. O diretor de engenharia afirmou não ter informações suficientes, pois assumiu a função muito recentemente, e deixou claro que só o relatório do IPT vai ser considerado conclusivo sobre as causas do desabamento.
Quanto à fiscalização, Grillo afirmou que a equipe técnica efetua fiscalização periódica, visitando a obra para obter informações visuais da evolução e analisando os relatórios de fiscalização feitos pelo Consórcio Via Amarela. Ele explicou que a fiscalização é obrigação contratual do consórcio, e insistiu em que “o Metrô fiscaliza a fiscalização”.

No mesmo dia a Bancada do PT protocolou requerimento pedindo a instalação de CPI para investigar o acidente. O requerimento recebeu 32 assinaturas de deputados de oito partidos com representação na Assembléia.

Laudo aponta 46 irregularidades nas obras da Linha 4

Laudo técnico encomendado pelo Consórcio Via Amarela apontou problemas no canteiro de obras da estação Fradique Coutinho da linha 4-amarela do Metrô de São Paulo que poderiam “ocasionar acidentes de proporções imprevisíveis”.
O documento, revelado ontem pelo “Jornal Nacional”, foi produzido a partir de vistoria no dia 27 de janeiro para testar a qualidade das soldas na estrutura metálica que sustenta as paredes da futura estação.
Elaborado pelo especialista em soldagem Nelson Augusto Damasio, o documento recomenda, segundo a TV Globo, a suspensão das obras no local até que as soldas sejam refeitas -medida não acatada pelas construtoras, que já refizeram, por enquanto, 20% do total.

CPI do Metrô

Ainda no dia 13/02 a Bancada do PT protocolou requerimento pedindo a instalação de CPI para investigar o acidente. O requerimento recebeu 32 assinaturas de deputados de oito partidos com representação na Assembléia.
A notícia foi recebida sob protestos dos tucanos que classificaram como politiqueira. O presidente da Assembléia, que tem a prerrogativa de instalar a Comissão de Inquérito, tem evitado se posicionar.

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