Crise da água
O nível do Sistema Cantareira, conjunto de represas que abastecem parte da Grande São Paulo, cai para menos de 10% nesta quarta-feira (10/9). De acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) o volume de água armazenado no reservatório é de 9,8%,
O Sistema Alto Tietê, que também abastece parte da Grande São Paulo, também registrou queda. Na segunda-feira (8/9|), o nível das represas chegava a 14,7%. Nesta quarta, os reservatórios registraram nível de 14,4%.
O Sistema Cantareira abastece cerca de 9 milhões de consumidores na Grande São Paulo. O volume morto começou a ser explorado em 15 de maio, quando 182,5 bilhões de litros foram retirados da reserva técnica do sistema, localizada abaixo das comportas e que conta com um total de 300 bilhões de litros.
Na época do início do bombeamento da água do fundo dos reservatórios, o nível saltou de 8,2% para 26,7% da capacidade total do sistema, e água do volume morto foi incorporada ao volume útil. A reserva nunca havia sido utilizada antes porque as bombas não captam nessa profundidade.
Para retirar essa água, a Sabesp construiu uma tubulação de três quilômetros e meio e nela instalou 17 bombas flutuantes. A obra foi orçada em R$ 80 milhões e o bombeamento volume morto do sistema Cantareira, tem representado um custo extra para os cofres públicos do Estado. Desde 15 de maio, os gastos da Sabesp só com o combustível já chegam a R$ 3,4 milhões.
Alckmin segue a negar crise de água
Apesar das evidências em contrário, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), continua dizendo que não há problemas de abastecimento de água na Grande São Paulo, mas culpa o clima pela queda do nível do Sistema Cantareira, que na última medição, desta quarta-feira, já está abaixo dos 10%. Tivemos, não só no Cantareira, mas no Sudeste brasileiro, uma seca em que choveu metade da maior seca dos registros, em 1953″, repetiu. “Mesmo com isso, está e estará garantido o abastecimento de água. São Paulo tem um sistema forte.”
Em entrevista coletiva, o governador citou as obras no Sistema São Lourenço, a 80 quilômetros da capital, como mais uma fonte de recursos hídricos para o abastecimento de água na Região Metropolitana. Mas esse sistema, cujas obras, tocadas por parceria público privada (PPP), foram iniciadas em abril, só deve ficar pronto em 2018.
No domingo (7/9), a crise no abastecimento de água no Estado foi um dos temas na 20ª edição do Grito dos Excluídos, ato político que ocorre no Dia da Independência. Entidades participantes lembraram que o governo Alckmin não investiu no Sistema Cantareira e em novos sistemas para impedir a crise. Há pelo menos 20 anos especialistas apontam para a necessidade de investimentos, mas a gestão da Sabesp optou por garantir a rentabilidade da empresa. De 2005 a 2013, a companhia chegou a R$ 13,7 bilhões em lucros e a um patrimônio líquido de R$ 12,9 bilhões. (sc)
*com informações da Agências e Rede Brasil Atual