Propinas tucanas
O Ministério Público da Suíça em continuidade às investigações de pagamento de propinas pela multinacional Alstom a tucanos paulistas, congelou, em Genebra, US$ 7,5 milhões em nome de Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes do governo Luiz Antonio Fleury Filho e irmão do atual presidente do Metrô, José Jorge Fagali. Segundo depoimentos coletados pelos suíços nos últimos três anos, as comissões pagas aos brasileiros eram de 7,5% do valor dos contratos, entre 1994 e 1998. São alvos de suspeitas contratos da Alstom com o Metrô e a Eletropaulo.
Em junho do ano passado, Ministério Público suíço já havia bloqueado uma conta atribuída a Robson Marinho, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) de São Paulo. Ele é suspeito de ter ajudado a Alstom a conseguir contrato de R$ 110 milhões em 1998, quando já era conselheiro do TCE. À época, Marinho acabara de deixar o segundo cargo no governo Mario Covas (morto em 2001): era chefe da Casa Civil. Agora, na Suíça, são 19 as contas de pessoas físicas e jurídicas brasileiras que estão bloqueadas devido às investigações do Ministério Público daquele país.
Ainda nesta quarta-feira (24/3), o Departamento de Fraudes Financeiras da Grã-Bretanha prendeu, em Londres, três diretores que integram o Conselho da Alstom sob acusação de pagamento de propina e corrupção a funcionários públicos brasileiros e de outros países em troca de contratos. A suspeita é de que recursos saíam da sede da Alstom, na França, e eram transferidos para o escritório em Rugby, no Reino Unido, de onde o dinheiro seguia para vários países, inclusive o Brasil.
Em nota, o departamento do governo britânico afirmou que suspeita que as propinas foram pagas pela empresa para vencer contratos internacionais e que há lavagem de dinheiro e outros crimes associados ao caso.
A Alstom, empresa especializada em infra-estrutura de geração de energia e transporte ferroviário, está presente em mais de 70 países e é investigada na Suíça e na França por suspeita de corrupção em negócios na América Latina, particularmente no Brasil, onde teria feito pagamento a políticos tucanos para expansão do metrô paulista. Os contratos alcançaram o total de US$ 6,8 milhões há suspeita de que US 45 milhões teriam sido pagos por funcionários da Alstom para ganhar o contrato de expansão do metrô de São Paulo.
Investigação no Brasil
Em julho de 2008, a Bancada do PT entrou com representação no Ministério Público Estadual alegando irregularidade flagrante em contrato da Alstom com o governo paulista e destacou trechos de análises do Tribunal de Contas do Estado (TCE): em 1995, a primeira Câmara do órgão recomendou ao Metrô maior clareza na elaboração de seus contratos quanto à cláusula de vigência.
O MP acolheu a representação petista e a Promotoria de Justiça e Cidadania instaurou inquérito civil para apurar as possíveis irregularidades em contrato entre o Metrô com a multinacional Alstom para obras e reformas do Centro de Controle Operacional (CCO).
Análise de dados dos contratos da Alstom com o governo do Estado realizados pela Bancada do PT, com base nos dados do Tribunal de Contas do Estado, revelam que a empresa firmou 139 contratos com o governo de São Paulo, no período de 1989 a 2007, que totalizam R$ 7,6 bilhões.