PRIVATIZAÇÕES TUCANAS

A ideia de ampliar o número de pessoas com acesso a transporte público cômodo e eficiente está indo para o ralo com as privatizações que o governo Geraldo Alckmin tem realizado. Diferente do que muitas pessoas pensam, que linhas de Metrô concedidas à exploração de concessionárias funcionam melhor, a exemplo da Linha-4 Amarela, as privatizações que são marca do governo tucano promovem, sim, ainda mais desigualdades no acesso ao transporte, pois o dinheiro que iria para investimentos em transportes acaba nos caixas das empresas dos amigos dos tucanos.
É o velho papo: o Estado (e a população!) arca com o ônus e o mercado leva o bônus. Continue a leitura e perceba como em pouco tempo a privatização no transporte público é boa demais para empresas e bem danosa aos usuários do sistema.
A GREVE DOS METROVIÁRIOS
Na quinta-feira (18), metroviários entraram em greve contra a privatização das linhas 5-Lilás do Metrô e 17-Ouro. Apesar da greve e de liminar que suspendia licitação das linhas derrubada pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças -, prevaleceu a força tucana, sempre desferida contra o povo e a favor das empresas.
Se o governo deseja privatizar concessões, não pode custear o negócio com recursos públicos, havia sido o entendimento do juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, atendendo ação popular e suspendendo leilão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro do Metrô.
Conforme mencionado em matéria elaborada pela Conjur, Um dos principais problemas, segundo a liminar, é o lance mínimo fixado para a concessão por 20 anos à iniciativa privada: R$ 180 milhões, que corresponde a 3% do custo das próprias linhas (R$ 7 bilhões), e que, de acordo com os autores, poderia ser recuperado pela concessionária em 17 meses.
VITÓRIA DO OPRESSOR, PERDA PARA A POPULAÇÃO
No fim das contas, corridos os processos judiciais, a concorrência ocorreu e nesta sexta-feira (19), e o consórcio formado pelas empresas CCR e Grupo Ruas ganhou a concessão das Linhas 5-Lilás e 17-Ouro do Metrô.
O Governo do Estado estima que as linhas transportarão cerca de 893 mil passageiros por dia, que equivalem à quase 27 milhões de passageiros por mês e mais de 320 milhões de passageiros por ano. Isso representa uma receita tarifária bruta anual de R$ 556 milhões.
De acordo com o edital e o contrato que será assinado entre o Governo no Estado e a CCR, a tarifa de remuneração será reajustada anualmente, tendo como data base 01/02/2017, considerando a variação dos índices IPC – Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE/USP, referente ao mês anterior ao da aplicação do reajuste e referente ao mês anterior à data base de 01/02/2017.
Ou seja, já a partir do próximo dia 01 de fevereiro de 2018, antes mesmo da assinatura do contrato, a tarifa será reajustada considerando a variação do IPC e a concessionária já começará a ter acesso aos benefícios.
Se utilizarmos os índices de dezembro de 2016 a dezembro de 2017, ou seja, uma variação de apenas 1 mês anterior aos que deverão ser utilizados, apenas a título de ideia, teremos uma variação de cerca de 3,0175% (índice de correção para o período = 1,0301703).
A tarifa de remuneração daqui a 10 dias já passará para R$ 1,78 e a tarifa de remuneração contingente passará a ser de R$ 2,83, por passageiro transportado nas linhas.
Isso significa que a remuneração tarifária bruta anual prevista para a CCR já para o primeiro ano de operação, considerando como exemplo o período de 01 de fevereiro de 2018 a 31 de janeiro de 2019 será de cerca de R$ 573 milhões.
Já pensou nos investimentos que o Estado não poderia fazer em Transportes apenas considerando este valor? Pena que Alckmin não tem essa visão, prefere as privatizações, dar lucro a empresas, do que governar para a população.
ALCKMIN E O JEITO PSDB DE GOVERNAR: IRRESPONSABILIDADE QUE DESFAVORECE O POVO
O governador ainda teve a audácia de chamar a greve dos metroviários de irresponsável, mas ele não tem coragem de usar o mesmo adjetivo para si próprio, o verdadeiro promotor da desigualdade que impede que a mobilidade seja real e alcance mais locais e maior número de pessoas no Estado de São Paulo.