Para especialista, Billings é ´zona de sacrifício´

26/04/2016

Meio Ambiente

Zona de sacrifício. Assim o professor do curso de Gestão Ambiental do Senac, Renato Tagnin, definiu o uso atual da Billings. “O reservatório é o destino final de resíduos não tratados e dreno para as enchentes na região metropolitana”, afirmou Tagnin durante audiência pública da Comissão de Meio Ambiente que discutiu os múltiplos usos das água da represa Billings.

Tagnim destacou que isso se deve a uma série de escolhas políticas do governo do Estado e que seu maior risco é o abastecimento da população. Ele criticou a qualidade da água que chegou às torneiras da população durante o período de seca. “As pessoas foram pegar água de chuva. O aumento da dengue não foi à toa”.

Para o professor, o governo se restringiu a ofertar. “Como se houvesse água”, analisou Tagnin, que ainda afirmou que os grandes consumidores e degradadores estão fora do controle do governo.

O engenheiro Sadalla Domingos, professor da Escola Politécnica da USP, fez um breve histório do reservatório e falou sobre o protagonismo que a Assembleia deve ter nesse momento. Para ele, os deputados precisam debater o Plano Estadual de Recursos Hídricos, de autoria do governador, que já tramita na Casa, e a Revisão e Atualização do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de São Paulo, em elaboração desde o início de 2015 pela Sabesp mediante contrato com empresa de consultoria, com conclusão prevista para agosto de 2016.

O deputado Roberto Trípoli, presidente da Comissão de Meio Ambiente, explicou que o Plano Estadual de Recursos Hídricos encontra-se desde o início de abril na Comissão de Constituição e Justiça. Ele, durante a audiência, já designou o deputado Luiz Turco como relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente e garantiu que fará debates sobre o tema.

Como sugestões, Sadalla Domingos propôs que o reservatório Billings, recuperado, com sua bacia protegida e seu sistema de geração hidrelétrico modernizado, assuma as seguintes funções: receber águas de reuso; regularização das vazões da bacia do Alto Tietê; geração hidrelétrica na base e na ponta; e distribuição de água bruta para as regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista.

O secretário adjunto de Energia, arquiteto Ricardo Toledo Silva, falou sobre a escassez de água e observou que uma estratégia de interesse do Estado poderia ser aumentar a energia gerada na usina hidrelétrica Henry Borden e, com a receita dessa operação, obter recursos para subsidiar a despoluição do rio Pinheiros. Vale lembrar que desde 2001 o governo já fez várias tentativas frustradas de despoluição do Pinheiros. Somente com a flotação foram gastos mais de R$ 160 milhões sem nenhum resultado.

A deputada Ana do Carmo, uma das proponentes da audiência juntamento com o deputado Luiz Turco, afirmou que essa discussão servirá de base para um relatório que a Comissão vai encaminhar às autoridades.

Fernanda Fiot

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