Tucanos vendem Parque
Parque Fontes do Ipiranga poderá sediar mega empreendimento
Ambientalistas, profissionais, parlamentares, moradores participaram da reunião conjunta com os secretários de planejamento Julio Semeghini e de Meio Ambiente Bruno Covas, nesta segunda-feira (17/12), na Assembleia Legislativa, com a maciça presença dos parlamentares petistas, no debate da proposta do governador Geraldo Alckmin que pretende conceder para a iniciativa privada a área pertencente ao Parque Estadual Fontes do Ipiranga, na Capital.
Instituído no ano de 1969, o Parque foi concedido ao setor privado em 1992 e encerrará em março de 2013. O governo quer ampliar a área explorada pela iniciativa privada que planeja para o local a implantação de mega centro de exposições, como hotel, recinto de exposições, arena para shows, entre outros equipamentos.
A iniciativa tem encontrado resistência na Bancada do PT e na sociedade civil, representantes de comunidades como Gerson Flores da Associação de Amigos da Água Funda, questiona o governo sobre os reais impactos ambientais e sociais do projeto na região e aponta a falta de diálogo e transparência por parte do governo. Segundo Flores o córrego do Ipiranga, hoje é um esgoto a céu aberto quando temos uma chuva mais forte o córrego transborda. Não pensaram no transito ao fazer no local arena de show, hotel e estacionamento.
A falta de diálogo também foi mencionada por Valdemar Pires de Carvalho Filho- Pesquisador atua no Instituto de Economia Agrícola, não houve audiência com o IEA, para definir o destino do Parque, disse num tom categórico.
O ex-secretário de meio ambiente, da administração da ex- prefeita Marta Suplicy e geólogo, deputado Adriano Diogo classificou a proposta do governador como uma aberração do capital e leu documento do presidente do Conselho do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, José Pedro de Oliveira Costa, expedido em 03 de agosto desde ano, que aponta a existência de proposta para a instalação do Museu de História Natural do Estado de São Paulo. No documento José Pedro ressaltou a disponibilidade de recursos para a construção de uma Litoteca (biblioteca de rochas do Estado de São Paulo), inclusive com área determinada no Parque.
Telma de Souza, outra petista ressaltou o visível desconforto dos secretários e assessores da secretaria que tinham dificuldades de apresentar aos deputados a proposta do governo.
A parlamentar indagou a respeito do destino que será dado aos moradores da Favela de Americanópolis que se avizinham a área do Parque, sobre o remanejamento dos funcionários. Nós não temos informações claras do que está sendo colocado para a Assembleia, o que vai afetar a biodiversidade ambiental, num dos últimos resquícios de Mata Atlântica que temos dentro da cidade de São Paulo, apontou a deputada que ainda salientou a importância histórica e cultural do Parque e seu papel no 2º Centenário da Independência do Brasil.
A seguir José Zico Prado questionou a forma açodada como o governo e sua base de sustentação tensionam pela aprovação do projeto. É necessário discutir com todas as comunidades envolvidas; pesquisadores, moradores, funcionários. Se a atual concessão termina em 30 de março de 2013, o governo pode aguardar pelo ajuste da propositura e aí voltaremos às discussões e depois faremos a deliberação. Mas o governo está atropelando o processo, estamos analisando o projeto aqui, mas em plenário o governo já concluiu três horas da discussão regimental da propositura, manifestou indignado.
O mesmo tom usou Enio Tatto, que cobrou da base governista a realização do rito regimental, antes de colocar em votação o projeto.
Emenda Aglutinativa- alvo da discórdia
Quando as discussões já estavam bem acaloradas foi mencionada a existência de uma emenda aglutinativa (emenda coletiva das Bancadas partidárias), que estaria sendo elaborada pelo PV, o debate chegou a temperatura máxima.
Houve uma seqüencia de protestos, pela surpresa e desconhecimento da proposta. O PV se justificou alegando que não havia emenda aglutinativa e sim um arrazoado de propostas que compunha uma minuta. O que foi contestado por Júlio Andrade, diretor executivo da Agencia Ambiental Pick-upau. Eu fui consultado sobre a emenda aglutinativa e enquanto sociedade civil , me coloco contra esta medida do governo.
A presidente da instituição Andrea Nascimento reforçou os impactos ambientais com na área com a densidade humana no local com a construção de hotéis e espaços de eventos que o governo quer consentir.
Adriano Diogo retomou a palavra e destacou a pressa do governo em deliberar o projeto o governo não quer aguardar a posse dos prefeitos das cidades que circunvizinham o Parque. Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema, poderiam juntas com o município de São Paulo discutirem os impactos da iniciativa do governador.
Já Ana do Carmo lembrou da escassez de áreas verdes em São Paulo e apelou pelo adiamento das discussões da propositura,o que foi referendado pelo líder da Bancada Alencar Santana Braga ao defender que a medida fosse discutida no próximo ano com os prefeitos envolvidos no tema.
O líder do governo insistiu que o governo vai apenas renovar uma concessão já existente há 20 anos, que não há área verde a ser impactada e certificou que todo o processo será feito com base no diálogo. O governo a partir de março não pode ficar com um elefante branco na mão. A partir de março a área vai ficar ociosa, alegou o tucano.
Os secretários Bruno Covas, do Meio Ambiente e Júlio Semeghini, do Planejamento, entoaram o mantra de que haverá respeito e diálogo com os afetados pelo projeto do governador Alckmin e afirmaram que a iniciativa do governo vai manter os cuidados com a conservação da área do Parque.
Quanto ao documento do presidente do Conselho do Parque, José Pedro de Oliveira, Covas disse que o Conselho é apenas consultivo e que não há conflito com as posições da Secretaria de Meio Ambiente que está em consonância com o governador do Estado, concluiu.
Isac Reis e Antonio Mentor, também estiveram presentes nas discussões.