No Estado de SP
Pedágios em SP: preço alto é assalto no bolso dos trabalhadores
Valores abusivos praticados em SP atingem não só os motoristas de veículos de passeio, mas o custo final dos produtos transportados nas rodovias e as tarifas de ônibus intermunicipais
O alto custo dos pedágios tem inviabilizado a locomoção pelas estradas de São Paulo tanto para quem segue por elas diariamente até o trabalho, de carro ou ônibus, quanto para os que procuram lazer nos finais de semana ou férias. A situação também é difícil para o transporte de carga, pois o valor do pedágio incide sobre o frete (até 25%, quando não deveria ultrapassar 3%), o que faz com que muitos produtos básicos alimentos, remédios, merenda escolar etc. cheguem bem mais caros ao seu destino.
Estudo recente divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que o valor do pedágio é maior nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Em São Paulo a privatização das rodovias teve início há 14 anos, quando 12 empresas tornaram-se concessionárias. A partir de 2008 outras sete assumiram estradas paulistas, totalizando 5.315 km segundo a Agência de Transporte do Estado (Artesp). Em menos de duas décadas o aumento na cobrança dos pedágios chegou a 168% acima da inflação, atingindo, segundo o IPEA, média de R$ 12,76 em São Paulo (a cada 100 km).
Com isso, os paulistas têm de arcar com um dos valores mais caros do País e do mundo. Quem vive em São Bernardo e precisa se deslocar à Bertioga, por exemplo, vai pagar R$ 20,10 na ida e mais R$ 9,40 na volta num percurso mensal, R$ 885. Se tiver parentes ou quiser conhecer a cidade de Presidente Epitácio, a 647 quilômetros da capital, o visitante vai desembolsar nada menos do que R$ 160 (ida e volta) em 14 postos espalhados por quatro rodovias as principais, as privatizadas Raposo Tavares e Castello Branco.
No caso do transporte de cargas, estudo realizado em 2010 revelou que o motorista de um caminhão de seis eixos que rodava 15 mil quilômetros ao mês nas rodovias paulistas pagava mensalmente R$ 9.459 de pedágio. No ano, R$ 113.508. Com combustível, consumia R$ 117.540; ou seja, valor quase igual com o pedágio. No mesmo ano, em algumas linhas do transporte intermunicipal o pedágio embutido na passagem chegava a 14% do preço total, até R$ 0,70 a mais na tarifa, totalizando R$ 420/ano. Hoje um ônibus de três eixos que faz o percurso SP-Araçatuba deixa nas praças de pedágio R$ 403,80 (ida e volta).
O número de praças de pedágio em São Paulo também deu um salto assustador com a privatização promovida pelos tucanos de 40, em 1997, para 227 treze anos depois, (com cobrança nos dois sentidos) numa média de criação de um novo posto a cada 40 dias no ano de 2010. Esse exagero criou situações inusitadas, como a de pequenas cidades ilhadas por pedágios. Exemplo é Itatiba, município na região metropolitana de Campinas, que tem pouco mais de 100 mil habitantes e nada menos do que três postos de pedágio, nas rodovias que seguem para Campinas, Louveira e Jundiaí.
Essa é uma realidade que precisa ser transformada para o pleno desenvolvimento de São Paulo. Investimentos nas estradas são bem vindos e necessários, mas não podem sair do bolso dos trabalhadores e trabalhadoras, que pagam mais caro o alimento, a passagem do ônibus e a viagem de carro. Até porque a lucratividade das concessionárias de estradas é gigantesca: de acordo com levantamento realizado há dois anos o investimento está entre os quatro mais rentáveis no Brasil, superando inclusive bancos e perdendo apenas para empresas operadoras de cartão de crédito, bebidas, cigarro e mineração.
fonte: CUT-SP