Audiência pública
Moradores da comunidade do Bombeiro na Zona Sul da Capital paulista participaram de audiência pública para denunciar casos de homicídios praticados por policiais militares, exigindo sua devida apuração. A audiência ocorrida nesta quarta-feira (19/9), na Assembleia Legislativa, foi organizada pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Adriano Diogo, SOS Racismo, MTST Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, e lideranças comunitárias.
Em junho último, dois líderes comunitários Adílio Bezerra de Sá e Orlando Lira Rodrigues foram brutalmente assassinados na comunidade e segundo testemunhas, que não se identificaram por medo de represálias, os tiros teriam sido disparados por policiais militares. Outro morador, o PM Joel Juvência da Silva, que havia prometido investigar e denunciar o crime também foi executado.
Este tipo de execução tem sido cada vez mais frequente nas comunidades pobres e não são esclarecidos. A cena do crime é limpa pelos executores e testemunhas amedrontadas não querem prestar depoimentos, explica Guilherme Boulos, coordenador do MTST. “Muitos outros homicídios semelhantes, também cometidos por policiais militares, ocorrem nas periferias da capital, de Embu das Artes e de Taboão da Serra, o que mostra que há um grupo de extermínio atuando dentro da corporação”, continuou Boulos.
O presidente do Condepe – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana alerta que em julho, só na Capital, foram 81 casos por resistência seguida de morte e praticamente todas aconteceram contra os chamados PPP preto, pobre, periferia.
O número de vítimas por resistência seguida por morte é assustador no Estado de São Paulo. A média é de 500 mortes por ano. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa média, englobando os 51 estados é de 106 mortes.
Segundo o Procurador da República, Mateus Baraldi, a política de segurança no Estado é desiquilibrada. Há um banho de sangue. Ele enfatizou a necessidade da população se unir e dar publicidade as barbaridades cometidas pela polícia. Esse conhecimento público vai atingir a imagem do governante e ele vai ter que tomar providências para uma reforma da PM, completou Baraldi.
Outro que defendeu a reforma da polícia foi Antonio Funari Filho, da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Para ele, o uso da polícia está banalizado para tudo, até para atuar dentro da universidade, se referindo a episódios em que a polícia foi acionada para retirar alunos que ocupavam dependências em universidade. A polícia não pode ser uma polícia de fronteira social, para dividir pobres e ricos. Ela precisa ser vigiada e controlada, disse Funari.
Ao final, o deputado Adriano Diogo lamentou não haver presença de representantes da Secretaria de Segurança Pública e engrossou o coro ao lado da população que clama por justiça.