Exclusão
Sem fila para pacientes com convênio médico, uma cirurgia no Instituto do Coração de São Paulo pode levar até um ano para paciente atendidos pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. Referência em cardiologia, o Incor tem um pequeno corredor que separa os dois prontos-socorros: o público, onde há superlotação, macas espalhadas e banheiros nem sempre limpos, e o particular, com sala de espera confortável e atendimento privativo.
O Incor é vinculado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP; portanto é do Governo do Estado de São Paulo. A instituição foi uma das primeiras a adotar o atendimento preferencial de clientes de planos de saúde em suas instalações, medida extremamente polêmica e criticada pela maioria dos profissionais do setor, por ferir o princípio constitucional que estabelece tratamento igualitário para todos os cidadãos.
No encerramento do ano legislativo, já durante à noite, os deputados governistas aprovaram um projeto que abre a possibilidade para que todos os hospitais públicos paulistas adotem o modelo do Incor. A Bancada do PT votou contra o projeto e reuniu lideranças do setor de Saúde na Assembleia para denunciar a inconstitucionalidade do PLC 45/10.
Auditoria
Uma análise do Departamento Nacional de Auditoria do SUS sobre o atendimento no Instituto do Coração revela os principais problemas do modelo, que é alvo de ação judicial no Ministério Público. Segundo os auditores, pacientes da rede pública podem esperar de oito meses até um ano e dois meses para ter acesso a determinados procedimentos no Instituto, como diagnóstico de arritmia, insuficiência cardíaca e hipertensão.
A auditoria, realizada a pedido do Ministério Público, descobriu que exames para diagnóstico como ecocardiograma (tipo de ultrassom) para adultos usuários do SUS eram marcados, na data do levantamento (agosto de 2010), só para maio deste ano. O ecocardiograma infantil seria marcado para agosto de 2011. Já radiologias seriam realizadas somente no próximo mês de setembro.
De acordo com os auditores, não há filas para os pacientes de convênio que também são atendidos na unidade pública. “Os mesmos exames e procedimentos supracitados não têm espera para pacientes de convênios e particulares”, concluiu o auditor João de Deus Soares.