Presidente da Sabesp não descarta falta de água em São Paulo

10/11/2014

Crise da água

Em depoimento ao MP, Dilma Pena disse não ter como garantir se medidas são “suficientes”

A presidente Sabesp, Dilma Pena, disse ao Ministério Público Estadual que não tem como afirmar que as medidas tomadas contra a seca “serão suficientes para garantir o abastecimento” de água.

A declaração ocorreu, na última sexta-feira (7/11), depois de o governador Geraldo Alckmin (PSDB) falar que não depende só das chuvas para evitar que a crise hídrica se estenda até 2015. “Não tenho como afirmar se as medidas (adotadas diante da seca) serão suficientes para evitar problemas no abastecimento de água, caso o regime de chuvas persista da maneira anômala atualmente vivida”, disse Dilma Pena.

É a segunda vez que ela diz que a manutenção do regime de pouca chuva pode comprometer o abastecimento. A primeira foi diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo que também investiga a empresa, no mês passado. O governador desmentiu a informação no dia seguinte. O depoimento do dia 7/11 foi dado para os promotores de Justiça Otávio Ferreira Garcia e Nelson Luís Sampaio de Andrade, que apuram as ações da Sabesp. Eles também indagaram sobre o vazamento de um áudio em que ela avalia ser “um erro” a estratégia de comunicação da empresa, decidida por “ordem superior”.

Dilma não deu respostas sobre a gravação. No lugar disso, entregou um texto, também enviado ontem à Câmara Municipal.“ Naquele momento, entendi o justo anseio de os funcionários estarem diretamente na mídia, mas tive oportunidade de relembrá-los de que a comunicação institucional da empresa obedece a diretriz superior constituída pela Diretoria Colegiada, sempre no sentido de preservar a unicidade da administração”, disse.

Em nenhum momento, ela explica a avaliação sobre o “erro” a que ela se referia na gravação. “Hoje vejo patente o acerto da orientação,de vez que a estratégia de comunicação da empresa atingiu plenamente sua finalidade”, afirma, para passar a tratar da economia de água feita pela população mediante o pagamento de bônus. Sobre a “ordem superior”, disse que as decisões da Sabesp são tomadas pela diretoria colegiada da empresa.

Oposto

Já a declaração de Alckmin, informando o oposto do que Dilma Pena afirmou, foi feita em Boituva, no interior de São Paulo. “Estamos fazendo obras. Além de interligar os sistemas que abastecem a região metropolitana de São Paulo,vamos ter a água do Sistema São Lourenço, e vamos trazer de Juquitiba, a 80 quilômetros. Agora, estamos investindo no reúso, um trabalho importante que vai permitir o reaproveitamento da água usada.” (fonte: jornal O Estado de S. Paulo)

PT na Assembleia quer explicações

A Liderança do PT na Assembleia Legislativa entrou com representação ao Ministério Público para que investigue ato de improbidade do governador Geraldo Alckmin e do Secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce. Os dois foram omissos com a população em não esclarecer a gravidade da crise da água que afeta principalmente as regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas. O áudio vazado pela imprensa, em outubro, comprova isso quando a presidente da Sabesp, Dilma Pena, reconhece que a população deveria ter sido alertada sobre a crise hídrica para que economizasse água.

A representação, assinada pelo líder da Bancada, João Paulo Rillo, explica que os superiores a que se refere a presidente da Sabesp são o governador e o Secretário Mauro Arce, únicas autoridades na hierarquia a quem Pena responde.

Também, na última semana, João Paulo Rillo, protocolou requerimento convocando a presidente da Sabesp, Dilma Pena, para prestar esclarecimentos em todas as Comissões Permanentes da Assembleia Legislativa de São Paulo.

“A crise da água afeta todas as áreas do Estado, como a saúde, o meio ambiente, a educação, a economia, a agricultura. Enfim, todas os setores sofrem problemas específicos com a falta de água e o governo do Estado tem que dar respostas à sociedade”, afirma Rillo.

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