Crise da água
Em depoimento ao MP, Dilma Pena disse não ter como garantir se medidas são suficientes
A presidente Sabesp, Dilma Pena, disse ao Ministério Público Estadual que não tem como afirmar que as medidas tomadas contra a seca serão suficientes para garantir o abastecimento de água.
A declaração ocorreu, na última sexta-feira (7/11), depois de o governador Geraldo Alckmin (PSDB) falar que não depende só das chuvas para evitar que a crise hídrica se estenda até 2015. Não tenho como afirmar se as medidas (adotadas diante da seca) serão suficientes para evitar problemas no abastecimento de água, caso o regime de chuvas persista da maneira anômala atualmente vivida, disse Dilma Pena.
É a segunda vez que ela diz que a manutenção do regime de pouca chuva pode comprometer o abastecimento. A primeira foi diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo que também investiga a empresa, no mês passado. O governador desmentiu a informação no dia seguinte. O depoimento do dia 7/11 foi dado para os promotores de Justiça Otávio Ferreira Garcia e Nelson Luís Sampaio de Andrade, que apuram as ações da Sabesp. Eles também indagaram sobre o vazamento de um áudio em que ela avalia ser um erro a estratégia de comunicação da empresa, decidida por ordem superior.
Dilma não deu respostas sobre a gravação. No lugar disso, entregou um texto, também enviado ontem à Câmara Municipal. Naquele momento, entendi o justo anseio de os funcionários estarem diretamente na mídia, mas tive oportunidade de relembrá-los de que a comunicação institucional da empresa obedece a diretriz superior constituída pela Diretoria Colegiada, sempre no sentido de preservar a unicidade da administração, disse.
Em nenhum momento, ela explica a avaliação sobre o erro a que ela se referia na gravação. Hoje vejo patente o acerto da orientação,de vez que a estratégia de comunicação da empresa atingiu plenamente sua finalidade, afirma, para passar a tratar da economia de água feita pela população mediante o pagamento de bônus. Sobre a ordem superior, disse que as decisões da Sabesp são tomadas pela diretoria colegiada da empresa.
Oposto
Já a declaração de Alckmin, informando o oposto do que Dilma Pena afirmou, foi feita em Boituva, no interior de São Paulo. Estamos fazendo obras. Além de interligar os sistemas que abastecem a região metropolitana de São Paulo,vamos ter a água do Sistema São Lourenço, e vamos trazer de Juquitiba, a 80 quilômetros. Agora, estamos investindo no reúso, um trabalho importante que vai permitir o reaproveitamento da água usada. (fonte: jornal O Estado de S. Paulo)
PT na Assembleia quer explicações
A Liderança do PT na Assembleia Legislativa entrou com representação ao Ministério Público para que investigue ato de improbidade do governador Geraldo Alckmin e do Secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce. Os dois foram omissos com a população em não esclarecer a gravidade da crise da água que afeta principalmente as regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas. O áudio vazado pela imprensa, em outubro, comprova isso quando a presidente da Sabesp, Dilma Pena, reconhece que a população deveria ter sido alertada sobre a crise hídrica para que economizasse água.
A representação, assinada pelo líder da Bancada, João Paulo Rillo, explica que os superiores a que se refere a presidente da Sabesp são o governador e o Secretário Mauro Arce, únicas autoridades na hierarquia a quem Pena responde.
Também, na última semana, João Paulo Rillo, protocolou requerimento convocando a presidente da Sabesp, Dilma Pena, para prestar esclarecimentos em todas as Comissões Permanentes da Assembleia Legislativa de São Paulo.
A crise da água afeta todas as áreas do Estado, como a saúde, o meio ambiente, a educação, a economia, a agricultura. Enfim, todas os setores sofrem problemas específicos com a falta de água e o governo do Estado tem que dar respostas à sociedade, afirma Rillo.