
A pressão de pesquisadores e funcionários dos institutos de pesquisa conseguiu fazer a Comissão de Meio Ambiente ouvir as explicações do secretário estadual do Meio Ambiente sobre as diretrizes da pasta. Depois de muita resistência da base do governo, a audiência pública requerida pelo deputado Carlos Neder foi, finalmente, realizada nesta terça-feira, 26/9.
O secretário Maurício Brusadin, há apenas 18 dias no cargo, esteve na Assembleia para falar da proposta feita por seu antecessor, Ricardo Salles, de fusão dos três institutos de pesquisa da Secretaria do Meio Ambiente: o Botânico, o Florestal e o Geológico. Falou também sobre a alienação de imóveis pertencentes aos institutos, entre eles a sede do Instituto Geológico, na Vila Mariana, na capital.
Brusadin comprometeu-se com três pontos: montar um grupo de trabalho, formado por diretores, funcionários e parlamentares, para definir os rumos dos institutos; estudar alternativas à fusão que sejam pactuadas entre os diferentes atores; e que o prédio do Instituto Geológico não será vendido.
Passado é passado, disse o secretário, tranquilizando pesquisadores e funcionários dos três institutos, em relação à proposta de unificação administrativa e de gestão desses órgãos. Os diretores dos institutos, também presentes na audiência, demarcaram a história e a trajetória de cada um deles no campo da pesquisa científica e mostraram que nenhum deles é a favor da fusão.
Porém, algumas questões levantadas por pesquisadores e funcionários dos três institutos ficaram sem respostas. Especialmente as explicações sobre a fonte de recursos para a continuidade das atividades de pesquisa científica e as relações dos institutos com o setor privado, mediante a venda de serviços.
Segundo o presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, Joaquim Adelino Filho, 35% dos cargos de pesquisadores e 70% dos funcionários de apoio estão vagos. Sem esses dois elementos, nossos institutos podem fechar as portas, disse ele ao sublinhar que não há previsão de concursos públicos até o final da atual gestão estadual.
Outra preocupação dos institutos está relacionada a imóveis que podem vir a ser alienadas pelo governo, principalmente áreas de proteção ambiental ou localizadas em unidades de conservação, essenciais ao desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica. Como disse Fausto Pires, do Instituto Florestal, o governo elencou 34 áreas com vegetação nativa e de florestas que podem ser alienadas ou concedidas. A questão, amigo, é a biodiversidade. Vender essas áreas é vender a biodiversidade.