PT em Audiência Pública contra instalação de Termoelétrica em Peruíbe

31/08/2017

#USINANAO

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Estamos falando da instalação da maior usina termoelétrica do mundo dentro de uma cidade.Por mais que chamem de terminal offshore, o projeto tem características de porto, dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA), que não permite esse tipo de construção.

Para “proteger” essa obra, deverá ser construído um quebra-mar de 80 mil metros quadrados e 900 metros de comprimento com 17 metros de profundidade. Esse “monstro” servirá para proteger os navios regaseificadores e outros que poderão fazer parte da construção da usina.

Após o lançamento da termoelétrica, passariam por lá cerca de 90 navios por ano, o que torna o risco de vazamento de óleo e gás iminentes para a região. Lembrando que navios com essa função vazam óleo naturalmente devido as inúmeras manutenções necessárias para um monstro desse porte sobreviver. Sem falar que a construção desse complexo pode afetar a vida bentônica e marinha da região.

O material para o obra viria de Santos durante 18 meses ininterruptos. Então durante todo esse tempo, a movimentação de dragas e navios levando sedimentos para serem depositado na cidade será enorme, o que impacta negativamente na convivência humana e animal em toda a orla da Baixada.

O acesso às informações sobre o projeto está todo prejudicado. Infelizmente as audiências públicas começaram a acontecer antes dos documentos do processo de licenciamento ambiental serem emitidos. A população não tem acesso aos papéis.

Márcio França (PSB), vice-governador de São Paulo, é o principal apoiador e encabeçador do projeto. Basta “dar um google” para ver que há anos França faz questão de declarar para veículos da imprensa tradicional que o projeto é “um novo horizonte para a Baixada Santista”.

O aliado do governador Geraldo Alckmin declarou diversas vezes que a usina representa um investimento de R$10 bilhões de empresários para a criação de um novo gasoduto, que transportará o gás oriundo do pré-sal da Bacia de Santos até São Paulo. Tudo sem diálogo com a população local.

Populações atingidas com a vinda da termoelétrica, falsas promessas e outros fatores nocivos

Na região há diversas comunidades indígenas que poderão ser simplesmente devastadas: a usina estará a aproximadamente 4,7 quilômetros da terra indígena Piaçaguera e sua linha de transmissão sob a terra atingirá também a Itaóca, Guarani do Aguapeu e Rio Branco.

A promessa de novos postos de trabalho locais e até mesmo alternativas para o Porto de Santos e indústrias do polo industrial de Cubatão é outra promessa de França.
Mas tudo isso vem sendo desmentido pela população da Baixada e região.

Em Peruíbe, Rodrigo Sanchez, secretário do conselho de Meio Ambiente da cidade, informou que se comparada a outras usinas como por exemplo em Cubatão, a de Peruíbe é 20 vezes maior. “Então serão necessários cerca de 4 mil profissionais na obra, e boa parte não está disponível na cidade. Após os três anos de obra, todos estarão desempregados. Isso gerará problemas sociais e urbanos: favelização, crescimento desordenado, aumento de criminalidade e claro, o desemprego.” declara Sanchez.

O local da instalação é Caraguava, bairro com população carente que está sendo manipulada pelas possíveis ofertas de emprego com a instalação da usina. Mari Polachini, do MoCan desabafou: “Na verdade, os trabalhadores não serão usados por mais de 1 ano. Pois o pico de absorção de funcionários não dura 3 anos. Conforme a obra for se consolidando, os trabalhadores vão sendo dispensados e isso acontece no primeiro ano da construção.”

Na noite da quarta-feira (30), aconteceu na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), uma audiência pública para debater o tema com a população e comunidades indígenas. A iniciativa foi do deputado Luiz Fernando Teixeira (PT), apoiada pelos demais parlamentares petistas.

Manifestações contra a termoelétrica ocorridas em Peruíbe

No dia 17 de agosto, moradores e associações se uniram, em Peruíbe, para ato contra instalação de usina termoelétrica. Para aquela mesma noite estava programada uma audiência pública para debater o tema, mas de forma imposta e sem a presença da população. Após as manifestações contrárias a este modelo excludente de audiência, a luta do povo reverteu a agenda, conseguindo que fosse cancelada.

O deputado Luiz Turco, o deputado líder da Bancada do PT, Alencar Santana Braga, e o deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira estiveram no local no dia para reforçar esta batalha.

Mesmo com os exemplos de países da Europa, onde várias usinas desse tipo foram abolidas em razão dos efeitos desastrosos para a Terra, os empresários aliados dos governos de direita em São Paulo não veem a hora dessa instalação acontecer, afinal de contas, usinas termoelétricas são altamente lucrativas e pensar em efeitos catastróficos do ponto de vista ambiental não é e nunca foi a preocupação desses gestores. Agora, em tempos de perda de direitos no Brasil e extermínio de pobres, realmente não seria uma boa hora.

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